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Ilustrada - em cima da hora
Gravurista Marcello Grassmann morre aos 88 anos em São Paulo
Artista foi um dos pioneiros dessa linguagem na cena brasileira
Morreu na madrugada de ontem o artista visual Marcello Grassmann. Ele tinha 88 anos e sofreu falência múltipla dos órgãos depois de ser internado com uma pneumonia há dez dias no hospital Samaritano, em São Paulo. Seu corpo será cremado hoje à tarde no cemitério da Vila Alpina, na zona leste.
Nascido em São Simão, no interior paulista, Grassmann se radicou na capital. Foi ilustrador do "Suplemento Literário" do "Diário de São Paulo" nos anos 1940 e atuou em "O Estado de S. Paulo".
Grassmann se firmou na cena artística do país como gravurista virtuoso, tendo estudado com mestres do gênero, como Henrique Oswald e Poty, no Rio. Sua obra parece girar em torno de personagens fantásticos, evocando cenas medievais, ao mesmo tempo oníricas e sombrias.
"Ele tinha um imaginário muito próprio, com anjos e figuras monstruosas", diz Ivo Mesquita, diretor da Pinacoteca do Estado, que tem grande parte das obras de Grassmann em seu acervo. "Ele é uma das figuras mais importantes na área da gravura no Brasil, uma figura histórica."
"É uma perda enorme, foi um artista que realizou uma obra de grande densidade", diz, sobre Grassmann, o artista Sérgio Fingermann. "Ele sempre esteve atento às questões da vanguarda, mas ficou fiel ao ofício, a valores que ele prezava como fundamentais. Numa época de temporalidade frenética e devoradora, a obra dele é como uma reação à indiferença, um refúgio."
Renina Katz, uma das maiores gravuristas do país e da mesma geração de Grassmann, lamentou a morte do colega. "Não é uma questão de escola ou estilo", diz ela. "Ele era um desenhista e gravador excepcional e nunca vacilou em transformar a obra dele em artigo do dia."
