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Adutora se rompe, cria 'onda' gigante e mata criança no Rio

Força da água destruiu 17 casas e arrastou carros e móveis em Campo Grande

Tubulação 'jamais apresentou vazamento', afirma empresa de abastecimento; 16 pessoas ficaram feridas

MARIANA SALLOWICZ LUCAS VETTORAZZO DO RIO

Uma criança morreu, 16 pessoas ficaram feridas e 17 casas foram destruídas por um jato de água gigantesco provocado com o rompimento de uma tubulação de água em Campo Grande, na zona oeste do Rio.

Por volta das 5h, os moradores foram acordados com o estrondo. Uma "onda" com 20 metros de altura destruiu construções e arrastou carros, móveis e pessoas, entre elas Isabela Severo da Silva, 3, que morreu afogada.

Três quarteirões foram alagados. A Cedae (concessionária de abastecimento de água), responsável pela adutora, diz que 230 pessoas ficaram desabrigadas e prometeu ressarci-las.

A polícia investiga a possibilidade de obras de terraplenagem em um terreno vizinho terem causado o rompimento. O peso dos equipamentos poderia ter pressionado a tubulação.

A Folha constatou marcas de tratores e máquinas pesadas nesse terreno.

Isabela dormia quando a tubulação de 1,75 m de diâmetro estourou. Com a casa tomada pela água, a mãe tentou passá-la pelo muro para o vizinho, o vigilante Mário Jorge Amaral, 36.

Amaral afirmou que conseguiu segurar a criança só por alguns segundos. "O muro estourou", contou ele.

A menina ficou presa nos escombros. Só foi possível retirá-la quando já tinha engolido muita água.

Logo após o rompimento, o cenário era de caos, com casas sem telhados e paredes e carros tombados. "Quando olhei pela janela, a água estava carregando tudo: muro, geladeira, porta", disse o motorista Jorge Marques, 43.

A cozinheira Irenilde Pereira da Silva, 37, estava em casa com sua filha, de cinco meses. Uma parede e o telhado foram destruídos pela água. "Achei que era chuva, mas, quando percebi o que estava acontecendo, fui correndo pegar a minha filha."

A dona de casa Josefa Rezende, 41, disse que em novembro de 2011 sua casa foi inundada por um jato de água semelhante. Contou que perdeu os móveis e foi ressarcida pela Cedae.

A empresa não se pronunciou sobre esse fato e ainda não tem explicações sobre o rompimento de ontem. "Pela experiência dos técnicos, foi uma ocorrência pontual num sistema de grande porte", disse Jorge Briard, diretor de produção da Cedae.

Para o pesquisador da Coppe/UFRJ Moacir Duarte, há três possibilidades: falha de manutenção, problemas de montagem ou interferência de agente externo, como máquinas pesadas no terreno.

Em nota, a Cedae afirmou que não há remendos ou reparos na adutora "porque a tubulação jamais apresentou vazamento".


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