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Secretaria não dá camisinha e recebe críticas de educadores
Preservativos seriam fornecidos pelo Estado para serem distribuídos em ato em frente à Secretaria da Educação
De acordo com a pasta, distribuição será feita por programas de prevenção ligados à Secretaria da Saúde
A Secretaria de Estado da Educação não forneceu camisinhas e proibiu painéis que tivessem preservativos em ato referente ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, ocorrido ontem em frente ao seu prédio, no centro de São Paulo.
A não entrega de camisinhas, que era prevista, recebeu críticas de educadores envolvidos em um projeto que desenvolve ações preventivas de Aids em escolas. A secretaria nega que tenha havido o veto à distribuição, e diz que a decisão foi técnica.
A oferta de preservativos fazia parte de uma série de atividades, entre elas videoaulas, seminários, painéis, lacinhos e folders, além de um grande laço vermelho no prédio da secretaria. O Dia Mundial de Luta Contra a Aids é comemorado hoje.
As camisinhas e os painéis que continham preservativos, feitos nas escolas, foram os únicos itens vetados, segundo educadores. Eles pediram para não ser identificados porque temem represálias.
A alegação da secretaria, dizem, foi de que "não era o momento oportuno" para a distribuição de camisinhas.
EPIDEMIA
É entre os jovens que a epidemia de Aids mais tem crescido no país. Segundo o pesquisador da USP Alexandre Grangeiro, metade dos casos de Aids (50,7%) ocorreu até os 25 anos. Desses, 31,2% foram até os 19 anos.
"O fato [veto à camisinha] é somente um demonstrativo de um processo que se alonga por anos. O número de escolas com programas de prevenção à Aids implantados, distribuindo preservativo, é pífio, tanto no Estado como no Brasil", afirma.
O infectologista Caio Rosenthal, do Instituto Emílio Ribas, classifica a atitude um "um ranço fascista". "Estou indignado, isso só contribui para que a epidemia de Aids continue avançando entre os jovens. É justamente isso que impede que o número de casos da doença caia no país."
OUTRO LADO
A assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Educação negou que tenha vetado a distribuição de camisinhas e a exibição de painéis contendo preservativos durante o ato de ontem.
Disse que houve uma decisão técnica de que a oferta de preservativos ficaria por conta de programas de prevenção à Aids ligados à Secretaria de Estado da Saúde.
Quanto aos painéis contendo camisinhas, a secretaria informou que a decisão de não exibi-los levou em conta dois critérios: a falta de espaço para todos os trabalhos e uma questão de "segurança".
Segundo a secretaria, os técnicos responsáveis pela seleção dos painéis, tiveram receio de que, como os painéis ficariam expostos ao público, alguém pegasse as camisinhas da instalação para uso próprio.
Isso poderia representar um risco, diz a secretaria, porque as camisinhas poderiam estar furadas, por exemplo.
