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Análise

É necessário entender os anseios de quem tem alguma deficiência

JAIRO MARQUES COLUNISTA DA FOLHA

Antes de mais nada, é preciso pontuar que não foi um bando de chatos e desocupados que resolveu encher a paciência das pessoas cunhando o termo "pessoa com deficiência" para designar o povo com o escutador de novela avariado, que não enxerga, que não anda, entre outros.

Foram diversas discussões promovidas pela ONU ao redor do mundo que acabaram por gerar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, documento com força constitucional do qual o Brasil é signatário. Assim, precisa ser seguido.

É óbvio que apenas mudar o termo "portador de necessidades especiais" -que não quer dizer absolutamente nada- por "pessoa" não vai, pontualmente, incluir mais, dar mais oportunidades ou conseguir mudanças de atitudes. Mas ajuda um bocado.

A imagem dos cegos, dos cadeirantes, dos surdos e de paralisados cerebrais é extremamente estigmatizada.

Esse povo é tido, muitas vezes, como "portadores de doenças", como necessitados de tudo, como coitadinhos.

Ser um "portador" de deficiência é ser, negativamente, o ponto fora da curva.

A palavra "pessoa" entra para tentar mostrar que ter sentidos ou movimentos comprometidos é humano, é da vida.

A gafe da presidente Dilma é ruim, pois são os mandatários, a mídia e as grandes instituições que deveriam puxar a corrente da conscientização social de que diferenças são natas, bem-vindas e inevitáveis entre as pessoas.

Em casa, entre os colegas, na festa, na boa piada, os termos, talvez, não façam diferença quando seu uso não é perverso, não é depreciativo.

Chamar um cego que tem cão-guia de "puxador de cachorro" pode aproximá-lo da roda, pode ser carinhoso e mata a bobagem do "politicamente correto".

Porém, quando o alvo é todo um conjunto social, quando está se falando a respeito de milhares de brasileiros, é necessário entender suas demandas e seus anseios.

Um deles, certamente, é ser visto menos como uma coisa que se coloca no "porta-trecos" e mais como pessoas que querem um lugar ao sol.


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