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Contabilidade

Controladoria ganha força com lentidão da economia

Profissionais coletam e analisam dados da empresa e indicam o caminho para cortes e investimentos

PEDRO ARAUJO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A economia brasileira está crescendo menos que o esperado --o PIB avançou 0,6% no primeiro trimestre deste ano, abaixo da expectativa do mercado, que era de 0,9%.

Com isso, cresce nas empresas a importância de profissionais de controladoria, que indicam o caminho para cortes de gastos, restruturações e investimentos.

"Em 2011, as empresas investiram pesado em projetos e em produção. O problema é que os resultados esperados não vieram. Por isso, em 2013, procura-se compensar essa baixa por meio da reorganização dos custos", afirma Lucas Toledo, gerente-executivo da consultoria Michael Page.

Um levantamento da empresa indica que os chamados controllers, que são responsáveis pelo planejamento econômico-financeiro das companhias, são um dos mais procurados hoje.

Os salários oferecidos variam entre R$ 8.000 e R$ 25 mil para cargos de alta e média gerência.

Outro fator que justifica a demanda para esse cargo é a adoção no Brasil do IFRS, que é um conjunto de normas internacionais de contabilidade que visa uniformizar os procedimentos do setor.

A questão é que o Brasil vive uma carência de profissionais capacitados para assumir esse tipo de posto. A função deles é reunir informações financeiras, corporativas, tributárias e legais da organização e, a partir de uma análise criteriosa, munir a alta de direção de dados para a tomada de decisão.

O controller, em geral, tem formação em ciências contábeis com sólidos conhecimentos em administração de empresas, economia, finanças e tributação.

É desejável, também, que ele tenha uma boa visão geral do negócio da empresa, capacidade analítica e habilidade de se comunicar bem com todos os departamentos.

E ser um bom negociador, já que parte do trabalho é fazer com que os gestores de cada área aprovem os projetos formulados por ele.

Para ocupar a função, não é suficiente "dialogar com números", ou ser apenas a pessoa que tem a "chave do cofre", afirma David Kallas, diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças Administração e Contabilidade).

"É preciso debater ideias, discutir saídas e entender o métier' da empresa."

MENOS BUROCRACIA

Mirelle Filomeno, gerente da consultoria Manpower Specialist, diz que a dificuldade de encontrar esse tipo de profissional está relacionada a uma mudança de cultura em relação à função dos profissionais de controladoria nas empresas.

"A visão do contador até então era de uma pessoa meramente burocrática", afirma. "O profissional precisa sair do papel operacional e ter uma visão mais estratégica. Não havia essa cultura no Brasil, por isso estamos com dificuldade de encontrá-los."

Carlos Valeriano, 34, controller da unidade de negócios da consultoria Accenture, tem um currículo clássico do que é exigido pelas empresas para o cargo.

É formado em ciências contábeis, fez cursos de extensão em negócios e mestrado profissional em administração de empresas. Ele também fala inglês e espanhol.

"Entender de contabilidade me ajudou profundamente, mas eu precisei adquirir uma base diferente, que me ajudaria a pensar a fundo o negócio em cada projeto em que estou envolvido", conta. "É fundamental que um controller saiba transformar informações em estratégia."

FALAR DE NÚMEROS

Hoje à frente de uma equipe de 11 pessoas distribuídas por escritórios no Brasil e na Argentina, Valeriano acostumou-se a buscar profissionais no mercado, de preferência com um perfil que combine as habilidades comportamentais e técnicas.

Contudo, sabendo da realidade do ramo, ele admite que essa nem sempre é uma tarefa fácil.

"Muitos acham que são bons tecnicamente, mas não têm a inteligência emocional para administrar situações", afirma. "Saber se comunicar é algo importantíssimo."

Ter pleno domínio do inglês também é essencial. "É importante ter uma segunda língua, já que reportamos nossa situação econômica à matriz [da multinacional]", conta José Othon de Almeida, líder de um programa da Deloitte no Brasil para formação em finanças e negócios de gestores da empresa.

A formação inicial ideal para ocupar o cargo é um ponto bastante discutido.

Embora o profissional possa ser oriundo de outras áreas, como administração de empresas, economia ou finanças, exige-se que ele disponha de uma base de ciências contábeis, uma vez que assinará os balanços e dados de prestação de contas da organização.

Essa é uma das questões que justifica a escassez de profissionais nessa área.

"Até pouco tempo atrás, só havia um programa de doutorado em contabilidade no Brasil. O resultado é que temos no mercado profissionais com uma formação carente demais para assumir o cargo de controller", afirma Samy Dana, professor da FGV.

Daniel Iwata, 33, que ocupa o cargo no Grupo Voitel, é graduado em administração de empresas com especialização em gestão.

Ele diz que foi aprendendo na prática a área de finanças nas organizações em que trabalhou, como CTIS e Telefônica.

"Consegui agregar muito à minha bagagem trabalhando nos departamentos de finanças, atuando em gestão de custos e planejamento. Aprendi a ser estrategista, unindo a parte técnica com a a habilidade para os negócios", afirma.


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