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Mandamentos de Bento
Os pontos centrais do pontificado de Ratzinger
Fé e razão são inseparáveis
Bento 16 gosta muito de usar a palavra grega "logos" (pronuncia-se "lôgos"), que pode ser traduzida como "palavra" ou "razão", para se referir a Jesus e a Deus. Assim como muitos filósofos e teólogos ao longo dos séculos, ele defende que o Universo tem uma ordem lógica e racional que só pode ser explicada como resultado da mente de Deus; por isso, fé e razão não são inimigas, mas se complementam.
Luta contra o relativismo
Se Bento 16 tivesse de escolher um único inimigo, seria o que apelidou de "ditadura do relativismo". Um dos problemas centrais do mundo de hoje, diz, é que para muita gente os valores éticos e religiosos são relativos. O relativismo, disse pouco antes de se tornar papa, pode levar a um vale-tudo perigoso, "que não reconhece nada como definitivo e considera a si e a seus desejos a medida última das coisas".
Identidade é tudo
O slogan que aparece em adesivos de carro no Brasil - "sou feliz por ser católico"- provavelmente faria muito sentido para o papa. Seus textos e suas ações mostram a vontade de enfatizar as características específicas do catolicismo e de seus 2.000 anos de história e cultura. Por isso ele deu mais abertura para a missa em latim ou recuperou elementos da vestimenta dos papas do Renascimento e da Idade Média.
Jesus em 1º lugar
Dá para chamar Bento 16 de "o papa do básico", pela ênfase nos aspectos mais básicos da fé cristã -como a ideia de que Jesus é a figura central da religião, totalmente humano e totalmente divino. Em pleno pontificado, escreveu uma série de livros com sua versão da biografia de Jesus. Ele se diz cansado dos livros sobre o chamado "Jesus histórico", que põem em dúvida a confiabilidade dos Evangelhos.
Veja o lado positivo
Normalmente, quem assistia a uma visita de Bento 16 esperando grandes pronunciamentos contra o casamento gay, o aborto ou a falta de fé dos católicos ficava de mãos abanando. A estratégia de seu pontificado foi enfatizar o que a fé tem de atraente, fugindo das polêmicas mais óbvias. Não é à toa que sua primeira e mais popular encíclica tem como mote a frase "Deus é amor", aceita até por não cristãos.