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Foco

Como hoje, Brasil vivia tensão social e política às vésperas do Mundial de 1950

Copa do Mundo de 1950, o primeiro grande evento esportivo sediado pelo Brasil, também teve ambiente de manifestações sociais

PAULO ROBERTO CONDE RAFAEL VALENTE DE SÃO PAULO

Ebulição política. Reivindicações sociais. O contexto que o Brasil vivencia agora, perto da Copa-2014, é conhecido. Pouco antes do primeiro Mundial no país, em 1950, o cenário era efervescente.

Em 1945, a eleição pelo voto direto do militar Eurico Gaspar Dutra findou a ditadura do Estado Novo (1937-45) e a era Vargas e levou o país à abertura econômica.

As novas diretrizes criaram uma divergência entre os nacionalistas --mais protecionistas-- e os "entreguistas".

Com um ano de Dutra, o Brasil foi eleito sede da Copa. Na mesma medida em que a seleção, comandada por Flavio Costa, se preparava para seu maior desafio no campo, a sociedade se movimentava contra o que achava abusivo.

Em 1947, aumento de 150% na tarifa dos bondes gerou revolta em São Paulo --a recém-criada CMTC (Companha Municipal de Transporte Coletivo) passou a ser chamada de "Custa Mais Trinta Centavos".

O povo foi às ruas. Pichou, depredou, queimou bondes. Os protestos foram em vão. Dias depois, a revolta minguou. Mas a população se manteve contra a tarifa.

Era outro tempo e outra sociedade. "O complexo de vira-latas, expressão criada por Nelson Rodrigues, resume como o brasileiro se enxergava. Hoje, somos um país inserido na economia mundial. As pessoas sentem isso", diz o historiador João Bonturi.

Se hoje há protestos contra os gastos da Copa-2014, há 60 anos, a sociedade pouco sabia sobre ela. Após as desistências de Turquia, Escócia e Índia, o Mundial teve apenas 13 participantes. Despertou atenção mais pela curiosidade que por sua magnitude.

"Os brasileiros queriam ver pela primeira vez seleções fortes da Europa por aqui. Os europeus tinham curiosidade de conhecer a cultura e o folclore local", afirma o jornalista Claudio Carsughi, 80.

Ele tinha 18 anos quando cobriu o torneio para o jornal "Corriere dello Sport", de Roma. "Todo mundo gostou. Ficou uma boa impressão."

O aposentado Ovídio Andrelo, 82, lembra-se bem disso. Com 19 anos, o paulista viajou ao Rio só para ver a decisão entre Brasil e Uruguai.

"O ingresso era bastante acessível, acho que seria como R$ 25. Compramos na véspera da final, sem filas."

O anticlímax do resultado da final --2 a 1 para o Uruguai-- era o desfecho de um Brasil que respirou a Copa, mas que viveria uma outra reviravolta. Em dezembro daquele ano, Vargas retornaria ao poder e devolveria o caráter nacionalista ao país.


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