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Fábio Seixas
Vitória do talento
Valorização de Raikkonen mostra que ainda dá para correr na F-1 sem as amarras do marketing
Raikkonen é piloto da Lotus, equipe que o resgatou do rali no ano passado em meio a alguma desconfiança. Seu contrato termina em dezembro e a equipe pretende mantê-lo.
Não está sendo fácil. O problema é que mais gente o quer.
A primeira a aparecer no circuito foi a Red Bull. Que, com a saída de Webber, terá uma vaga aberta para 2014. Nos últimos dias, o empresário do finlandês deu por encerradas as tratativas, mas ontem Horner, chefe da equipe, disse que eles ainda negociam.
Será?
Na sequência veio a Ferrari. As primeiras especulações apontavam o finlandês para a vaga de Massa, cujo contrato também termina no fim do ano. Depois que Alonso e Montezemolo se estranharam, porém, a imprensa europeia passou a falar em Raikkonen para o lugar do espanhol. Nesta semana, com o bicampeão colocando panos quentes na polêmica, o vento mudou de novo: o brasileiro seria o ameaçado.
Será?
A mais nova pretendente ao finlandês seria a McLaren. Insatisfeito com a equipe, Button iria para a Ferrari, com quem já flertou algumas vezes. Assim, Raikkonen voltaria para Woking, por onde correu de 2002 a 2006.
Será?
A resposta do colunista é um sonoro "não sei".
(Só sei que, de todas as histórias malucas que circularam nos últimos tempos, a mais divertida e plausível --por se tratar de Raikkonen-- é a do "Die Welt", jornal alemão: ele teria contado para amigos, durante uma bebedeira em Helsinque, que vestirá vermelho de novo em 2014. Quase dá para visualizar a cena.)
O curioso é que, dois anos atrás, ninguém lembrava dele nas especulações sobre o mercado.
E o motivo era compreensível, embora soe ridículo agora.
Não é que Raikkonen seja ruim de marketing. Vai além disso. Ele é o completo antimarketing.
Do tipo que joga contra.
Tê-lo envergando sua marca é um enorme risco. Num dia ele está no pódio com seu boné. No outro, em sites de celebridades em meio a uma festa selvagem.
Acontece que seus resultados falaram mais alto. Com a Lotus, uma equipe apenas mediana, foi terceiro colocado no Mundial passado e é o vice-líder hoje.
Das 30 corridas que disputou desde o retorno, pontuou em 29. Já são 27 GPs seguidos nos pontos, recorde da F-1.
Atingiu um estágio de excelência que faz o diretor-esportivo de uma equipe telefonar para o diretor de marketing e dizer: "Desculpe, mas não tem jeito, tem que ser ele".
A valorização do talento de Raikkonen é um belo golpe nas chatices que fazem parte da F-1 e que foram grandes responsáveis por afastá-lo dela, em 2009.
O esporte agradece.