Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Foco

Sem irritar torcedor, jogador bancava a 'boneca' nos anos 80

DE SÃO PAULO

Nos anos 80, jogador de futebol se vestia de mulher. E o torcedor não reclamava.

Apelidada de "Futebol das Bonecas", a pelada que reunia atletas de diversos clubes ficou famosa nos Carnavais da capital paulista.

"Nunca ouvi uma reclamação. Não teve nenhuma frescura com a minha participação", conta Serginho Chulapa, maior artilheiro da história do São Paulo, que atuava no Corinthians quando participava dos jogos festivos.

"Naquela época, não havia redes sociais e a repercussão que existe hoje", diz Basílio, um dos idealizadores do jogo disputado no bairro da Casa Verde e um dos maiores ídolos da história corintiana.

A comparação remete ao episódio envolvendo Emerson, do Corinthians. Após postar foto dando um selinho em um amigo e defender a diversidade, o atacante corintiano foi hostilizado e anteontem pediu desculpas se seu gesto ofendeu os torcedores.

O "Futebol das Bonecas" dos anos 80 era democrático.

"Deputados, vereadores e até o [triplista] João do Pulo jogaram", recorda-se Basílio.

"Era uma festa. Ninguém queria marcar uma posição ou protestar", diz Ataliba, ex- ponta-direita do Corinthians, hoje técnico do Diadema.

Para Basílio, era o caráter lúdico que fazia com que torcedores mais conservadores não se importassem.

"Além disso, a rivalidade entre as torcidas não era tão grande. O Emerson deu munição aos são-paulinos para provocações", afirma.

Já Chulapa critica a torcida. "O jogador vale pelo que faz no campo. É uma baita ignorância implicarem com um selinho", afirma o ex-atleta.

Ignorância ou não, talvez hoje o Futebol das Bonecas não fosse aceito tão facilmente. "O futebol evoluiu para outro lado", diz Basílio.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página