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Crítica - Documentário

Produção ilumina arte e militância de pessoa nada usual

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

"Meu Amigo Claudia" é o título de uma crônica do escritor e jornalista Caio Fernando Abreu (1948-1996) que enaltece o travesti Claudia Wonder, figura carismática do underground paulistano, notadamente na década de 1980.

Também é o nome do filme de Dácio Pinheiro que, com sucesso, traça um perfil da personagem a partir de imagens de arquivo e depoimentos de Claudia e de gente que conviveu com ela.

Pelo formato, poderia ser dito um documentário "convencional", mas fica evidente que não é aconselhável usar esse adjetivo para nada relacionado a Claudia Wonder.

Os depoimentos da cantora, atriz e militante gay, que são o fio condutor, incluem entrevistas dos anos 1980 e 1990, mas a maior parte foi colhida na década passada, antes de Claudia morrer, em 2010, aos 55 anos, após contrair uma infecção por fungos.

Essa Claudia madura, então mais dedicada a criar e manter organizações de defesa e inclusão de homossexuais, dá o tom quase cândido do filme. É alguém que se expõe consciente de seu papel libertário e contestador e, ao mesmo tempo, orgulhosa de seu trabalho artístico.

Sem discriminação, são reunidos trechos de filmes de sexo explícito que protagonizou na Boca paulistana, no início dos anos 1980, com gravações de shows, ainda na mesma década, em lugares então descolados como o lendário Madame Satã.

No palco, ou dentro de uma banheira cheia de "sangue" e outros cenários inusitados, Claudia era capaz de cantar versos de Lou Reed a Glauco Mattoso ""este um dos entrevistados mais eloquentes do filme. Ela fazia rock, cantando bem e acompanhada de bons instrumentistas.

O depoimento delirante (como usual) de Zé Celso Martinez Corrêa, relembrando a atuação de Claudia em sua apoteótica montagem de "O Homem e o Cavalo", de Oswald de Andrade, pode servir para espectadores mais "resistentes" como uma chancela de seu talento.


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