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Filho de Plínio Marcos volta à obra do pai

Após 24 anos sem dirigir um texto do autor de 'Navalha na Carne', Leo Lama faz 'Quando as Máquinas Param'

Diretor e autor teatral descreve período em que dramaturgo "ficou em baixa e totalmente sem grana"

(GUSTAVO FIORATTI) DE SÃO PAULO

O dramaturgo e diretor Leo Lama, 48 anos, passou 24 anos sem dirigir uma peça de seu pai, o autor teatral Plínio Marcos (1935-1999). "As pessoas, a imprensa especialmente, estavam sempre associando meu nome ao dele, referiam-se a mim como o filho do Plínio'", conta Lama.

O lacre foi quebrado recentemente, com a estreia de "Quando as Máquinas Param", texto escrito por Plínio entre o fim dos anos 1960 e o início dos 1970. A peça terá sua última exibição em São Paulo nesta sexta, no Instituto Cultural Capobianco, com direção de Lama e elenco formado pela Cia Um Brasil.

A última peça que Lama dirigiu de seu pai foi "A Mancha Roxa" (1989), uma investida de risco para a época. "O Plínio estava em baixa, ninguém queria dirigir peça dele. Eu convidei mais de 70 atrizes. Ia com o texto, e ninguém queria fazer", conta.

"Meu pai estava deprimido e fodido de grana. Produzi o espetáculo com meu dinheiro", conta. Lama diz que, aos 24 anos, ganhou "uma fortuna" por causa do sucesso de "Dores de Amores", peça de sua autoria, com Malu Mader e Taumaturgo Ferreira.

Olhando em retrospecto, ele julga que o pai "saiu de moda nos anos 1980" pois houve rejeição a temas como prostituição e marginália. "Depois, ele foi voltando", diz.

Segundo Lama, Plínio ainda hoje é pouco encenado. "Nós, herdeiros dele, sabemos que ele não é muito montado. A gente não ganha direitos autorais. Ele é sempre muito citado só, falam sobre a importância da obra dele."

Nesses 24 anos, Lama seguiu os passos do pai até certo ponto, apenas. Tornou-se dramaturgo, "mais do que diretor", e ao mesmo tempo dedicou-se à música, como compositor e intérprete. Seus textos para teatro desdobram-se em uma poética nada realista, e é neste ponto que se afastam da dramaturgia de seu pai, quase para um lado oposto. Lama assume um perfil "mais intelectualizado", além do mais.

À frente de "Quando as Máquinas Param", cortou cinco páginas do texto, preservou a essência de seus diálogos e trouxe as rubricas para a cena como forma de quebrar com o realismo. "Uma montagem realista ficaria datada. Botar o casal dentro de uma casinha pobre, vivendo o drama do desemprego não contribuiria com o teatro que está sendo feito hoje", analisa.

Embora reitere o afastamento em relação ao estilo do pai, Lama assume alguma influência. "Acho que tenho algo do diálogo coloquial; e tenho cinco ou seis peças com dois personagens, porque Dois Perdidos' me influenciou demais, fiquei louco com aqueles dois personagens."


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