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Crítica - Comédia dramática

Jô Soares ignora elementos centrais de peça

Montagem de texto do americano Richard Greenberg opta pelo entretenimento fácil ao retratar conflito de gerações

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O atrativo de "Três Dias na Chuva", peça indicada ao prêmio Pulitzer de 1997, resulta da ironia dramática de seus dois atos.

No primeiro, situado em 1995, o testamento de Ned, um famoso arquiteto, reúne seus filhos, Ana e Walker, e Pip, filho do sócio Theo. Para o espanto deles, Pip herdou uma casa, gerando suspeita acerca da ética profissional do falecido.

No segundo ato, em 1960, é revelada a verdadeira história deste primeiro projeto dos dois arquitetos promissores e detalhes sobre o relacionamento deles com Lina, a mãe de Ana e Walker.

Considerado um dos melhores dramaturgos americanos atuais, Richard Greenberg emprega uma dramaturgia surpreendente e quase policial para um tema clássico: o conflito entre gerações.

Com diálogos elegantes, fala das dificuldades de emancipar-se dos pais, desvendando as interpretações errôneas a seu respeito.

O desafio dos atores é interpretar primeiro um filho e depois o pai ou a mãe, experimentando assim as vidas julgadas opostas. O que o público percebe, por meio da trama, o ator vive no palco.

Na montagem de Jô Soares, não foram trabalhados esses dois elementos centrais: a linguagem refinada que deve, como disse um crítico nova-iorquino, fluir como música, e as contradições dos personagens que criam empatia.

No primeiro ato, as interpretações são planas. Para cobrir a falta de densidade, os atores disparam seus textos. Carolina Ferraz é Ana, uma irmã rígida e desaprovadora. Otavio Martins é seu irmão Walker, um neurótico desajustado, cujo dilema edipiano pouco aparece. Petrônio Gontijo faz o papel de um ator de telenovela estereotipado que deveria ser mais inteligente do que aparenta.

No segundo ato, Carolina não deixa transparecer a vulnerabilidade de Lina. Martins, como Ned, faz um gago demasiado indefeso. Gontijo repete seu personagem, só que agora como suposto gênio da arquitetura.

Assim, o espetáculo é apenas entretenimento fácil. Possui como único diferencial o cenário (Marco Lima) que recria um típico loft de Nova York. Mas não é muito original, lembrando o da primeira produção americana.


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