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Crítica - Drama

Israelense filma conflito familiar ambíguo

'Preenchendo o Vazio', de Rama Burshtein, aproxima o espectador do universo judaico ortodoxo

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

Quem descontar os chapelões e barbas, certos cânticos e vestimentas, talvez se espante com a familiaridade daquilo a que "Preenchendo o Vazio" nos introduz. Certo, estamos entre judeus religiosos, os hassídicos, e tudo acontece de maneira mais tradicional do que no mundo leigo, judaico ou não.

Por exemplo, a prática do casamento arranjado é frequente. Mas aqui, ao contrário do que se possa imaginar, as preferências são importantes. Assim, Yochai ama e admira sua mulher, Esther.

Quando ela morre, dando à luz o primeiro filho do casal, os problemas começam.

Como existe a possibilidade de Yochai casar novamente e trocar Tel Aviv, Israel, pela Bélgica, a avó passa a tramar o casamento do genro com sua filha menor, Shira.

Eis o sentido do título deste filme de Rama Burshtein, em que aliás não se encontra nenhuma crítica clara aos costumes dos judeus religiosos: a ênfase vai aos problemas emocionais e familiares de Shira, que pretendia casar com outro homem.

Aparentemente, a mãe mexe os pauzinhos para que o programado casamento de Shira gore, mas não fica explícito: Burshtein flerta com o tipo de roteiro à americana, mas evita atribuir à avó, sem ambiguidades, o papel de vilã da história.

MILITÂNCIA

Se existe um mérito nessa produção, que passa longe do que nos mostra o cinema político de Amos Gitai, é o de aproximar de maneira competente o espectador leigo do universo de práticas tradicionalistas e de apresentar essa boa atriz que é Hadas Yaron.

Sem sair da proposição do filme, é obrigatório notar o caráter, digamos, militante.

A ele devemos a possibilidade de ver a figura do rabino como grande conselheiro e sábio, por exemplo (como os párocos de antigamente).

Saindo dessa proposição: é obrigatório notar que "Preenchendo o Vazio" passa inteiramente ao largo da participação política dos judeus religiosos (o que inclui a pretensão à criação do "grande Israel", que por sinal inclui o território ocupado hoje pelos palestinos).

Não por acaso, aqui quase não vemos Tel Aviv, a bela cidade dos arquitetos modernos. É de um universo tradicional, estritamente religioso, que este filme trata. É a ele que adere, a ele que se dirige.


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