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Japão e Ella Fitzgerald inspiram novo longa de Kiarostami

"Um Alguém Apaixonado" traz relação entre velho professor e jovem prostituta e foi rodado após terremoto que devastou o país

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A passagem do iraniano Abbas Kiarostami pelo Festival de Cannes, em maio deste ano, quando seu "Um Algúem Apaixonado" foi exibido, despertou no cineasta sentimentos contraditórios.

Exatos 15 anos antes, Kiarostami saía do festival com a Palma de Ouro por "O Gosta da Cereja". "Na sessão oficial, meu coração batia rápido. Estava tão nervoso que fechei os olhos, com medo de ver as pessoas abandonando a sala", lembrou o cineasta em entrevista à Folha.

"No fim, o filme foi muito aplaudido. Estava tudo bem, fiquei feliz. Agora, em 'Um Alguém Apaixonado', não senti nada parecido. Fiquei pensando se isso era bom ou ruim. Por que, com o tempo, perdemos nossas emoções?"

Kiarostami garante, no entanto, que seu entusiasmo pelo trabalho ainda é o mesmo, como quando fala de "Um Alguém Apaixonado".

"O que disparou esse filme foi uma imagem que ficou na minha cabeça por anos. Estava em Tóquio, uma área de negócios. No meio de todos aqueles homens de terno preto, vi uma garota jovem, vestida de branco", lembra.

Outras fontes de inspiração se somaram, como uma canção de Ella Fitzgerald ("Like Someone in Love", título original do filme) e uma pintura, "A Garota e o Papagaio", "a primeira do Japão em que o motivo é japonês, mas a técnica é ocidental".

A canção e o quadro ajudam Kiarostami a contar a delicada história da amizade entre uma jovem prostituta e um velho professor.

As filmagens já estavam marcadas quando o Japão passou por um terremoto em 2011. "Quando vi a dimensão da catástrofe, achei que o filme não aconteceria. Mas fiquei muito impressionado ao ver a mentalidade do povo japonês, a força e a rapidez com que reconstruíram o país e voltaram à vida normal."

É a segunda experiência de Kiarostami fora do Irã, depois de "Cópia Fiel", que rodou na Itália. "Filmar fora do Irã é uma forma de burlar as dificuldades junto ao governo. Mas percebi que esta não é a única razão. Com o tempo, você percebe que não é mais uma pessoa que faz filmes para o seu povo apenas, mas que o que você diz pode ser apreciado por outras culturas."


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