Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica Drama

Estética publicitária faz com que a vida, em 'Astro', pareça ter sido higienizada

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

Não é uma tarefa simples definir a estética publicitária. Mas, quando se está diante dela (como no caso de "Astro - Uma Fábula Urbana em um Rio de Janeiro Mágico"), é fácil reconhecê-la. Paula Trabulsi é uma experiente e premiada diretora publicitária. Mas só seu currículo não determina a estética de "Astro".

Um carro do patrocinador aparece várias vezes ao longo da projeção (e integra o elenco no site do filme). Há quem diga que faz parte do jogo do cinema hoje.

A estética publicitária, no caso, se relaciona a certa assepsia das imagens, como se elas tivessem sido esterilizadas para evitar o feio, o sujo, o impuro: o não é vendável.

O problema é que, nesse processo, a vida costuma também ficar de fora.

Isso fica claro em uma breve cena em que Astro, a protagonista, tromba com um churrasquinho de gato vendido nas ruas do Rio: pelas graças da estética, a comida parece não só apetitosa como absolutamente higiênica.

Filha de mãe brasileira e pai sueco, a jovem Astro (Alexandra Dahlström) deixa a Suécia para visitar o Rio, onde deverá receber de herança o casarão de seu avô.

Ela conhece Alice (Verônica Debom) e seu grupo de amigos e inicia um processo de transformação pessoal.

A diretora não tenta fugir dos clichês culturais. Antes parece buscá-los: a sueca é fria, sistemática, desconfiada; a amiga brasileira, quente, espontânea, generosa.

A isso, somam-se algumas cenas de intervenções artísticas e um punhado de frases pomposas ("o escuro pode ser confortável, mas a luz é viva", dita por um cego).

Só que a estética publicitária, de novo ela, acaba por igualar o que é realista e o que é fabular, o que é narrativa e o que é performance.

Mas, como se trata de um filme, e não de uma publicidade, nunca fica claro o que se está vendendo: a imagem do Brasil para o exterior, a arte contemporânea, um carro ou churrasquinho de gato.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página