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Longa canadense aborda amor e transexualidade

Ator francês dá vida a mulher em corpo de homem em "Laurence Anyways"

Novo filme do jovem diretor Xavier Dolan traz Melvil Poupaud em jornada amorosa e de descoberta pessoal

IURI DE CASTRO TÔRRES DE SÃO PAULO

"Duas semanas após o convite, estava vestido de mulher, de minissaia pelas ruas de Montreal, depilado da cabeça aos pés, congelando numa temperatura de -30ºC."

É assim que o ator francês Melvil Poupaud, 39, lembra-se de seu envolvimento em "Laurence Anyways", filme do diretor prodígio Xavier Dolan que estreia hoje no Brasil, após passar na Mostra de SP.

O parisiense, que enfrentou as lentes de grandes nomes do cinema francês, como Eric Rohmer, em "Conto de Verão" (1996), e François Ozon, em "O Refúgio" (2009), caiu nas graças de Dolan.

Aos 23 anos, o canadense, autor de "Eu Matei a Minha Mãe" (2009) e "Amores Imaginários" (2010), mostra em "Laurence Anyways" a forte história de amor de um casal.

Não uma história comum, no entanto: Poupaud é um homem em corpo de mulher, um transexual, que precisa transpor suas barreiras físicas e emocionais com Fred, vivida por Suzanne Clément.

Poupaud lembra que conheceu Dolan no Festival de Cannes de 2010, "quando ele já era uma sensação". O diretor lhe ofereceu um pequeno papel em "Laurence".

"Mas eu sabia que o papel principal tinha que ser meu", conta o ator em entrevista à Folha. "Então, o ator teve algum problema, e Dolan me ligou: 'Você está livre pelos próximos seis meses?'".

O pouco tempo de preparação, segundo o ator, foi bom, "porque é um papel que poderia ser assustador". "Nunca havia me vestido de mulher e você nunca sabe como vai reagir", diz.

Ele, então, depositou a confiança em Dolan, "um diretor nato, preciso, generoso e muito exigente".

"Preciso ser dirigido por alguém que saiba o que está fazendo para me sentir confiante e dar minha melhor performance", diz.

Poupaud também pesquisou sobre a condição de transexual, mas não quis se aprofundar muito no assunto.

"Não é um filme sobre transexualidade, é uma história de amor poderosa e bonita", afirma. "Identifiquei-me com esse homem que tenta manter o amor de sua vida ao mesmo tempo em que tenta ser quem ele é de verdade."

Durante a Mostra, o ator pôde ser visto também em "Linhas de Wellington", drama de guerra de Raoul Ruiz (1941-2011) finalizado por Valeria Sarmiento, viúva do cineasta chileno radicado na França.

"É um papel pequeno, mas especial, principalmente pelos diretores", diz. "Num dia estava de saia, no outro vestido de general. É por isso que amo ser ator."


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