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Após 50 anos, boom latino ainda mantém influência

Jornal elege Buendía, de "Cem Anos de Solidão", o ícone da geração de autores

"O boom desatou a imaginação, convocou o humor e criou novas formas narrativas", diz editor espanhol

DE BUENOS AIRES

O jornal espanhol "El País" acaba de realizar uma pesquisa entre seus leitores para escolher o personagem mais significativo de toda a produção do chamado boom latino-americano, geração que chega aos 50 anos.

Ganhou o coronel Aureliano Buendía, que lutou 32 guerras e perdeu todas, habitante mais ilustre da mítica Macondo, onde se passa "Cem Anos de Solidão", a principal obra do colombiano Gabriel García Márquez.

Buendía derrotou, com folga, La Maga, a mulher criada pelo argentino Julio Cortázar em "O Jogo da Amarelinha", Pedro Páramo do mexicano Juan Rulfo, e Zavalita, de "Conversa na Catedral", do peruano Mario Vargas Llosa.

"A escolha não surpreende. É o protagonista do principal romance. Meio militar, meio mágico, meio sábio, mulherengo, engajado e sonhador, elementos que o latino-americano identifica imediatamente", diz o editor espanhol Juan Cruz em entrevista à Folha.

Cruz foi editor da Alfaguara e do suplemento literário do "El País", o "Babelia", dois dos veículos pelos quais circulou a geração do boom.

Para ele, é um erro considerar o boom como um fenômeno apenas da língua hispânica.

"O Brasil integrou o boom, basta ler 'Grande Sertão: Veredas' e fazer a conexão entre o que criou Guimarães Rosa em termos de linguagem e qual era a busca dos outros escritores latino-americanos", avalia.

MERCADO

Cruz ainda identifica uma influência do movimento na criação do mercado editorial mais profissionalizado no continente.

Esse mercado conta com agentes identificados com certos grupos, como a mítica Carmen Balcells, editora de Vargas Llosa e do cubano

Cabrera Infante.

"Foi um momento que desatou a imaginação, convocou o humor e criou novas formas narrativas que foram absorvidas pela literatura universal. Esse é seu principal legado", resume Cruz.

VARGAS LLOSA X GABO

A principal dupla de remanescentes do boom não se fala desde 1976.

Numa tarde de fevereiro daquele ano, num cinema da Cidade do México, Vargas Llosa aplicou um soco no até então amigo Gabriel García Márquez por considerar que o colombiano havia se insinuado para sua mulher, Patricia Llosa, com quem segue casado até hoje.

O episódio só veio a público depois de mais de 30 anos, por conta das revelações de um diplomata. Nem Gabo nem Vargas Llosa falam um do outro em público, num acordo tácito de jamais evocar a briga. (SYLVIA COLOMBO)


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