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Crítica Drama

'Holy Motors' reinstaura mistério no cinema atual

Filme de Leos Carax vai do sujo ao poético em historietas labirítincas

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Em 30 anos, "Holy Motors" poderá ter se transformado em obra-prima conhecida apenas por cinéfilos caçadores de tesouros. Visto hoje, no entanto, o filme de Leos Carax aparece como um dos mais originais e instigantes do nosso tempo.

Em vez de um fio com início, meio e fim, Carax propõe uma sucessão de tramas curtas que têm como elemento condutor um personagem interpretado por Denis Lavant.

Numa limusine que circula por Paris, o milionário Monsieur Oscar troca de roupas, de disfarces, tornando-se ora uma velha mendiga, ora um assassino brutal, ora um amante nostálgico, ora um pai melancólico.

Mais que temas, o que nos atrai nesses episódios sempre interrompidos são os climas, as imagens que transitam do sujo ao poético, do arcaico ao tecnológico, do amoroso ao sanguinolento.

Por trás de todas, sobra o cinema, essa manifestação artística que dá corpo a mundos inexistentes, nos torna íntimos de desconhecidos, nos faz viver experiências únicas como matar ou morrer.

A ambição maior de "Holy Motors" consiste em devolver o poder de mistério às imagens -as quais perderam muito de sua capacidade de significar ou sugerir à medida que foram ficando ao alcance de todos.

No labirinto de "Holy Motors", é desnecessário tentar se localizar ou reconhecer, como pretenderá o cinéfilo em busca dos signos e associações com que Carax tece sua colcha de retalhos.

As referências aqui são como as lembranças que guardamos dos filmes que amamos. Não há necessidade de explicá-las, pois a emoção estética é o que as torna parte de nossas vidas.


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