Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Para Fundo, fuga de capital é preocupação
Sinalização pelo Fed de que estímulo pode se encerrar neste ano tem provocado desvalorização de moedas emergentes
BC dos EUA se reúne na semana que vem e sua decisão sobre a política monetária é aguardada com ansiedade
O FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou ontem sobre os riscos do possível fim do programa de estímulos à economia feito pelo Federal Reserve (banco central dos EUA) e para os efeitos colaterais que essa política pode trazer para os países emergentes, como o Brasil.
Na avaliação do FMI, a desmontagem do programa de estímulos tem o potencial de causar forte saída de recursos que se dirigiram aos emergentes, além de provocar um sobe e desce nas taxas de juros ao redor do mundo.
O Fed compra mensalmente cerca de US$ 85 bilhões em títulos públicos e privados, como hipotecas, com o objetivo de manter dinheiro em circulação e as taxas de juros em níveis baixos para impulsionar consumo e emprego.
Desde que o presidente do Fed, Ben Bernanke, sinalizou, no mês passado, que esse programa de estímulo pode ser encerrado ainda neste ano, os mercados se adiantaram, elevando os juros americanos e o dólar frente às demais moedas do mundo.
Esse efeito está sendo sentido especialmente nos mercados emergentes. As moedas de diversos países, entre eles, o Brasil, vêm sofrendo desvalorização forte ante o dólar nas últimas semanas, o que tem levado a ações mais duras dos governos.
Nesta semana, o governo brasileiro eliminou a cobrança de 1% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre as transações de venda da moeda americana no mercado futuro, operações conhecidas como derivativos.
Países como Polônia e Índia também fizeram intervenções no câmbio para impedir que suas moedas perdessem mais competitividade. Em decisão inesperada, o banco central da Indonésia (outro país que sofre com a queda da moeda) elevou os juros, visando atrair capital externo.
COMUNICAÇÃO
O FMI afirmou ainda que a diminuição das políticas de estímulo devem apresentar desafios e que é importante que o Fed comunique-se efetivamente com os mercados.
"O excesso de dinheiro e a natureza segmentada dos mercados dos EUA poderiam afetar a acomodação das taxas de juros em curto prazo", disse em documento.
"Ao mesmo tempo, a comunicação efetiva da estratégia de saída, o timing' e a calibração das medidas são cruciais para a evitar mudanças abruptas e a volatilidade nas taxas de longo prazo."
O Fundo recomendou ainda que o Federal Reserve mantenha suas maciças compras de títulos até pelo menos o fim do ano para dar suporte à recuperação dos EUA.
Na visão do Fundo, o período longo de taxas de juros baixas tem consequências no futuro, semeando vulnerabilidades financeiras nos principais mercados.
O Fed se reúne na quarta-feira da semana que vem e a decisão do BC é aguardada com ansiedade para sinalizar os rumos da sua política.