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Carros do México 'ressurgem' no Brasil

Estoques dos importados do parceiro comercial foram recompostos graças à renovação das cotas de importação

Brasil revisou acordo bilateral após elevação do deficit comercial; novo pacto estipulou cotas de importação

(GABRIEL BALDOCCHI) DE SÃO PAULO

Carros importados do México, como Jetta (Volkswagen) e CRV (Honda), voltaram aos estoques das concessionárias brasileiras depois de meses em falta devido à cota de importação imposta pelo governo brasileiro em 2012.

A evolução no deficit comercial com o parceiro fez o governo rever, no início do ano passado, o acordo automotivo bilateral que previa isenção de Imposto de Importação e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para as unidades mexicanas.

Os novos termos do pacto, com vigência até 2014, passaram a limitar o benefício a uma cota anual em valores. O volume para este ano é de US$ 1,56 bilhão, 8% superior ao nível de 2012.

Diante da restrição, as montadoras diminuíram as importações dos modelos e alguns estoques chegaram a zerar nas concessionárias.

As vendas do importado da Volkswagen caíram à metade por mais de dois meses. A Honda ficou praticamente sem vender por cinco meses--em março, por exemplo, foram emplacadas apenas duas unidades do CRV.

Os dois modelos, ao lado de outros da Nissan, foram os mais afetados pelo limite.

A fabricante do March, que registrou dois meses de vendas residuais em 2012 devido à restrição do México, conseguiu atenuar o problema com outra cota de importação, possível graças à publicação do novo regime automotivo e atrelada à fábrica que constrói no Rio de Janeiro.

Ainda assim, a marca teve de se adaptar a uma média de vendas 40% inferior para seu modelo popular.

Os emplacamentos da Captiva (GM) caíram de uma média de 825 unidades do ano passado para pouco mais de 200 no início deste ano.

A renovação das cotas veio em março. Zerou listas de espera de até três meses pelos modelos mexicanos e elevou o volume de vendas para os níveis anteriores ao esgotamento do limite.

"Esse cliente [do CRV] realmente esperou", diz Marcos Aurélio, vendedor de uma loja da Honda.

Para a Ford, a renovação permitiu um aumento das vendas da nova versão do Fusion, que chegou no início do ano. Os emplacamentos de abril --quase 1.000 unidades--são o dobro da média mensal do ano passado.

Os exemplos mostram como a estratégia das montadoras passou a ficar mais ao sabor das medidas adotadas pelo governo nos últimos anos.

"Todas as vezes que se aplica uma política como essa, se um ou outro ganha alguma coisa aparentemente, todos perdem muito, à medida que o grande arbitro, o consumidor, deixa de ter oportunidades de escolha", afirma o ex-presidente da Ford, Luiz Carlos Mello.

Segundo ele, a importação de produtos selecionados ajuda a melhorar a tecnologia da produção do país.

Letícia Costa, professora do Insper e especialista no setor, considera a revisão uma mudança nas regras do jogo. "Não atacou o principal, que é a falta de competitividade da indústria brasileira", diz.


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