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Análise

Entenda a aparente contradição entre economia desaquecida e pleno emprego

GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA

SERVIÇOS, CONSTRUÇÃO CIVIL E AGRICULTURA MAIS QUE COMPENSARAM A CRISE VIVIDA NOS ÚLTIMOS MESES PELA INDÚSTRIA

Há uma aparente contradição entre uma economia que anda devagar há dois anos e um mercado de trabalho perto do pleno emprego.

Também pode causar estranheza que o IBGE divulgue taxas de ocupação cada vez mais altas, enquanto o Ministério do Trabalho divulga quantidades cada vez mais baixas de vagas criadas.

Pode-se ler, no entanto, os resultados de outra forma: a produção do país se expande lentamente, assim como o número de empregos.

A diferença é que o mercado de trabalho já atingiu ou está prestes a atingir os melhores percentuais possíveis; já o Produto Interno Bruto brasileiro é consensualmente insatisfatório para um país tão grande e populoso.

Em outras palavras, não há tanto incômodo se menos vagas são criadas quando as vagas existentes são suficientes para quase todos -ainda mais porque, com as transformações da população, há menos jovens ingressando no mercado a cada ano.

O crescimento econômico lento, porém, incomoda mais se a produção nacional é insuficiente para o patamar de desenvolvimento almejado.

TRANSATLÂNTICO

O que sustenta o emprego é um transatlântico chamado setor de serviços, que responde por mais de dois terços do PIB e engloba profissionais tão diferentes quanto empregadas domésticas, barbeiros, professores universitários e especuladores do mercado financeiro.

Por ser tão grande e conter atividades essenciais do cotidiano, o transatlântico é menos sujeito aos solavancos da economia.

Empresários deixam de investir ou de exportar quando o cenário internacional é desfavorável, mas só em último caso uma família tiraria os filhos da escola ou deixaria de ir ao médico.

Serviços, com ajuda da construção civil e da agricultura, mais que compensaram a crise vivida nos últimos meses pela indústria, o setor mais afetado pela crise nos países desenvolvidos.

Mas, se não afunda nas turbulências, o transatlântico tampouco se presta a acelerações súbitas. Ele abriga a maior parte da mão de obra menos qualificada, dos salários mais baixos e das dificuldades para expandir a produção por empregado.

No caso brasileiro, o impulso recebido da ascensão da nova classe média e da expansão do crédito aos consumidores tende a ser menor daqui para a frente.

Nessa leitura, o aquecimento do emprego no setor de serviços não é contraditório com o desaquecimento da economia ao longo de oito trimestres. Pode ser, inclusive, parte da explicação.


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