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Reunião de líderes de EUA e China terá tom mais pessoal
Primeiro encontro de Obama e Xi Jinping não terá roteiro predeterminado
Em estância localizada na Califórnia, os dois presidentes tratarão de temas como Síria e ciberespionagem
Longe da Casa Branca, o presidente americano Barack Obama recebe hoje o novo presidente chinês, Xi Jinping, numa estância na Califórnia.
O primeiro encontro entre os presidentes das duas maiores potências mundiais, que vai durar dois dias, não terá roteiro predeterminado e aposta na criação de uma relação pessoal e direta entre Obama e Xi.
Na agenda, vários temas globais em que os dois países costumam ter visões diferentes --Síria, comércio internacional, Coreia do Norte, Japão e Sudeste Asiático-- e, especialmente, o tema de ciberespionagem, em que os americanos acusam envolvimento do Exército chinês.
No mês passado, Xi disse ao então conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Tom Donilon, que China e EUA precisavam "de novo tipo de relação entre grandes poderes".
"Não é um encontro bilateral qualquer, é uma reunião de impacto global, ainda mais que o mundo está se reorientando para o Pacífico", disse à Folha Michael Mazza, pesquisador do American Enterprise Institute. "A relação econômica é imensa."
O deficit comercial dos americanos com os chineses chegou a US$ 315 bilhões no ano passado e, neste ano, os chineses estão exportando mais ainda aos americanos (e comprando menos).
A China continua a ser a maior detentora de títulos da dívida americana, na prática financiando o deficit nas contas públicas do país.
A relação também passa pela frequente compra de empresas americanas por gigantes chinesas --na semana passada, o grupo chinês Shuanghui anunciou a compra da americana Smithfield, que produz carne suína, por US$ 7 bilhões.
Em pesquisa divulgada ontem pelo instituto Gallup, 55% dos americanos têm imagem positiva da China (11% como aliado, 44% como amigável), enquanto 40% deles têm imagem negativa.
O único contratempo da diplomacia pessoal entre os dois presidentes, por enquanto, tem a ver com as primeiras-damas.
Caso raro entre líderes chineses, Xi tem sido acompanhado por sua esposa, a popular cantora Peng Liyuan, em sua viagem --que incluiu Costa Rica, Trinidad e Tobago e México.
Ela passará o fim de semana na Califórnia, mas Michelle Obama decidiu não ir ao evento: este fim de semana é o último das aulas de suas filhas, Sasha e Malia, e Michelle decidiu ficar com elas. (RAUL JUSTE LORES)