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Para ex-secretário de Bush, republicanos precisam de mudança
Carlos Gutierrez defende apoio a imigrantes para evitar que partido fique cada vez menor
A sobrevivência do partido republicano americano depende da aprovação da reforma da imigração, que agora segue para votação na Câmara, onde a sigla tem maioria.
Esse é o alerta de Carlos Gutierrez, ex-secretário de comércio do governo George W. Bush, que hoje preside o grupo "Republicans for Immigration Reform" (republicanos pela reforma imigratória).
Veja os principais trechos da entrevista à Folha.
Folha - Muitos republicanos que irão enfrentar primárias em 2014 temem ser atacados por candidatos da extrema direita se apoiaram a reforma...
Carlos Gutierrez - Isso tem acontecido muito, e nós tentamos ser uma espécie de defesa para eles.
Quem no partido republicano apoia a reforma?
Principalmente empresários. Eles entendem que o que faz o partido poderoso é sua ideologia econômica --livre mercado, baixos impostos e redução do Estado-- e não questões sociais. Gastamos tanto tempo falando sobre tudo o que somos contra --aborto, imigração, gays... Ora, isso representa 50% da população.
Foi como o senador Marco Rubio disse: os hispânicos podem até apoiar nossas propostas para a economia e os impostos, mas, se acharem que queremos deportar a avó deles, não vão votar na gente.
Quem se opõe à reforma, além da extrema direita e quem tem medo das primárias?
Também há quem acredita que os imigrantes ilegais são democratas sem documentos. Ou seja, por que dar a chance para eles votarem?
A aprovação da reforma é essencial para a sobrevivência do partido republicano?
Se o partido não apoiar a reforma e, consequentemente, não atrair o voto hispânico, vai ficar cada vez menor. Talvez possamos conseguir eleição em 2016, por causa da fadiga de Obama, mas em 2020, 2024, estamos condenados a virar um partido regional.
O que você acha que vai acontecer na Câmara?
A Câmara pode acabar aprovando uma lei que é tão extrema para a direita que não poderá ser "reconciliada" com a lei do Senado. Se for muito dura em relação à segurança da fronteira, mas não fizer concessões para a legalização dos 11 milhões de ilegais, por exemplo.