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Após protestos, oposicionista russo é solto
Condenado a 5 anos de prisão, Alexei Navalny esperará recurso em liberdade vigiada
O líder oposicionista russo Alexei Navalny foi libertado ontem, a pedido da Promotoria e por ordem da Justiça, menos de um dia após ter sido condenado a cinco anos de prisão por desvio de dinheiro --acusação que ele nega e na qual seus aliados dizem ver motivação política.
O juiz do tribunal da cidade de Kirov (900 km a leste da capital russa, Moscou) ordenou que Navalny seja mantido em liberdade vigiada enquanto não for julgado o recurso contra sua condenação.
Ele foi condenado sob acusação de ter participado de operação para desviar cerca de R$ 1 milhão de uma madeireira estatal de Kirov.
A soltura do oposicionista ocorreu no mesmo dia em que milhares de pessoas protestaram diante do Kremlin, em Moscou, pedindo sua liberdade e chamando de "ladrão" o presidente Vladimir Putin.
Na manifestação, não autorizada pelo governo, cerca de 200 pessoas foram detidas e liberadas depois. Outras 50 pessoas foram brevemente detidas em São Petersburgo, e protestos menores foram registrados em várias cidades.
Navalny atribuiu a libertação às manifestações em seu favor. Segundo ele, a sentença que o condenou tinha a aprovação da Presidência. "Mas, quando as pessoas saíram para protestar na Manezhnaya, eles tiveram de voltar atrás às pressas."
O líder, ativista anticorrupção e um dos articuladores dos protestos contra Putin em 2012, não decidiu se seguirá sua campanha a prefeito de Moscou --a eleição é em 8 de setembro.
"Não sou nenhum bichinho de estimação que pode ser excluído de uma eleição e incluído de novo. Conversarei sobre isso com o pessoal da minha campanha", disse o oposicionista.
Caso a condenação se confirme, Navalny perderá o direito de se candidatar.
Especialistas acreditam que a repentina libertação do oposicionista seja o sinal de um racha dentro do governo de Putin --ou de que os governistas não sabem o que fazer com Navalny.
Alexei Makarkin, do Centro para Tecnologias Políticas, disse que, enquanto líderes do aparato repressivo querem destruir a oposição, outros governistas acham que é preciso deixá-la disputar eleições.