Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Casa de sequestrador de Cleveland é demolida

Especialista diz que medida ajuda vítimas de Ariel Castro a superar abusos

Destruição é parte do acordo aceito por Castro, que se livrou da pena de morte em troca de prisão perpétua

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

A casa de Ariel Castro, que aprisionou e estuprou três mulheres por dez anos em Cleveland, nos Estados Unidos, foi demolida na manhã de ontem, iniciativa interpretada como estímulo à recuperação das vítimas.

"Foi uma boa ideia do promotor Timothy McGinty, pois é uma medida que traz significados transformadores para as vítimas e a comunidade. E não estamos falando de vingança", disse à Folha Frank Ochberg, psiquiatra que atuou na investigação e testemunhou no julgamento.

O cativeiro, de onde Amanda Berry, 27, escapou em maio --chamando a polícia para resgatar Gina DeJesus, 23, e Michelle Knight, 32-- ganhou a alcunha de "casa dos horrores" pela mídia americana.

A destruição é parte do acordo aceito por Castro, que se livrou da pena de morte em troca de prisão perpétua.

Especialista em Síndrome de Estocolmo --fenômeno que liga reféns a agressores--, Ochberg diz não ser possível avaliar se foi criado algum laço entre Castro e as vítimas.

"Pode haver uma infantilização não racional a que o capturado é submetido quando o captor oferece nutrição e condição de sobrevivência, como uma mãe e seu bebê, mas não podemos garantir."

Michelle Knight, única das três vítimas presentes na audiência de Castro na última semana, visitou a casa ontem. Voltar ao local foi consistente com seu papel na casa, disse Ochberg.

"Ela participou de momentos importantes lá dentro, como quando ajudou no parto da filha de Amanda [nascida no cativeiro; testes posteriores de DNA comprovaram que Castro era o pai da criança]. Ela agora vem a público, em sacrifício de sua privacidade", afirmou.

Para o especialista, as vítimas podem levar décadas ou a vida toda para escapar das lembranças dos abusos sofridos no local.

As memórias ruins também podem retornar no dia a dia das mulheres, seja por meio de sensações táteis ou olfativas.

OUTRO CASO

Um crime de características semelhantes, revelado também em Cleveland em outubro de 2009, teve o mesmo desfecho.

A prefeitura também demoliu a casa em que o condenado à pena de morte Anthony Sowell estuprou, matou e enterrou 11 mulheres em vários cômodos e no quintal.

Até hoje, porém, não foi construído no local o parque ou jardim prometidos naquela época, o mesmo investimento esperado para o terreno onde ficava a "casa dos horrores" de Castro.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página