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Argentinos vão às urnas em eleições primárias

Pleito definirá quais candidatos vão disputar vagas na Câmara e Senado

Segundo pesquisa, só 40% dos moradores de Buenos Aires sabem para que serve a eleição que acontece hoje

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

Os argentinos de 18 a 70 anos serão obrigados a ir às urnas hoje para votar pela segunda vez em uma primária.

A eleição definirá quais candidatos irão concorrer a uma vaga no pleito do dia 27 de outubro, que renovará metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.

O resultado das urnas servirá como um termômetro para governo e oposição.

Em jogo estão a governabilidade de Cristina Kirchner nos próximos dois anos e uma reforma constitucional que pode lhe dar a possibilidade de tentar um terceiro mandato.

Para o analista Alejandro Catterberg, diretor da consultoria Poliarquía, as primárias servirão como uma grande pesquisa. "O que ficará evidente nessa sondagem é a grande deterioração do governo nos últimos 20 meses. Em 2011, Cristina Kirchner foi reeleita com 53,8% dos votos. Hoje, o oficialismo deve conseguir entre 30% e 35% dos votos", afirmou à Folha.

O desgaste do governo, segundo ele, se deve a três processos. O primeiro é a radicalização. "Há uma perseguição ideológica, briga com Judiciário, com meios de comunicação, perseguição a oponentes." O segundo é a crise econômica, com inflação, desemprego e a alta do dólar. O terceiro é o desgaste dentro do próprio kirchnerismo, com disputas internas e outros problemas. "Essa eleição abrirá um cenário de incertezas sobre o kirchnerismo."

PRIMÁRIAS

A eleição coloca em execução pela segunda vez --a primeira foi em 2011-- o sistema de primárias. Mas grande parte da população argentina desconhece a função desse instrumento.

Pesquisa do Centro de Opinião Pública da Universidade de Belgrano, em Buenos Aires, feita com 620 portenhos, mostrou que só 40% sabem o que são as primárias.

As Paso (Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias) foram criadas em 2009, na reforma política, com o objetivo de aumentar a participação popular nas decisões dos partidos. Em vez de as siglas escolherem quais seriam seus candidatos, a decisão passaria para o eleitor.

Passaria porque, na prática, a intenção de que os cidadãos escolham os candidatos depende de que as siglas aceitem a proposta. Mas a maioria das legendas decidiu concorrer com listas únicas, no Senado e na Câmara --caso da coalização Frente para a Vitória, de Cristina Kirchner.

"Não estão sendo cumpridas as promessas das primárias, porque pouquíssimos partidos apresentaram mais de uma lista. Do jeito como é hoje, as primárias funcionam mais como instrumento de ratificação das candidaturas", diz Pablo Secchi, diretor da ONG Poder Cidadão.

Uma das raras exceções na província de Buenos Aires é a aliança Unem, formada por quatro partidos, que decidiu concorrer com quatro diferentes listas de candidatos.

Para o analista político Patricio Giusto, da consultoria Diretório Político, as primárias são uma jogada de marketing. "É bom falar que o povo escolheu seus candidatos, mas não funciona assim de fato", diz. "As primárias são uma desculpa enquanto o governo não resolve as principais questões de fundo do sistema eleitoral da Argentina. Aqui ainda se vota em cédulas, existem problemas com fiscalização."

Um dos diretores da ONG Rede Ser Fiscal, de transparência eleitoral, Luciano Bugallo, afirma que há um desperdício de dinheiro público nessa prévia. "É gerado um gasto, e o objetivo final não é cumprido", diz. "As primárias nada mais são que uma grande pesquisa nacional antes das eleições oficiais."


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