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Análise

Regime parece que não tem medo da reação do Ocidente

PETER BEAUMONT DO "GUARDIAN"

Existem aspectos do suposto ataque com armas químicas na Síria, em Ghouta, periferia de Damasco, que não estão em dúvida. Números precisos não foram definidos, mas está claro que algo horrendo e em grande escala aconteceu no local.

É difícil entender o porquê de o regime sírio querer escalar o conflito usando armas químicas dias após a chegada de equipe da ONU de inspeção de armas químicas.

Uma explicação possível é que forças leais a Assad vêm obtendo vitórias no campo de batalha. Essa teoria sugere que a doutrina síria para o emprego de armas químicas --conforme descrita por um desertor-- visa provocar confusão (por exemplo, se uma arma química é incluída entre armas convencionais) e, sobretudo, perturbar o "equilíbrio psíquico" das áreas sob controle rebelde.

Mas, se confirmado que vários locais foram atingidos, com grande número de vítimas, isso sugeriria algo muito diferente.

Considerando que o regime tenha empregado as armas, o fato sugere mudança profunda na análise que faz da chance de reação internacional significativa.

É certo que a guerra na Síria não existe mais num vácuo, contida nas fronteiras do país. À medida que se torna mais complicada, atraindo jihadistas e ameaçando desestabilizar a região maior, o Ocidente parece relutante em se envolver, e volta atrás em várias promessas --como a do presidente Obama-- de que o uso de armas químicas seria a "linha vermelha" [assinalando o limite do permissível sem atrair reação].

É provável que a paralisia internacional diante do golpe no Egito, a instabilidade crescente na Líbia e a tensão na Tunísia tenham confirmado a visão de Damasco de que existe pouco desejo do Ocidente de intervir.

Outra explicação é que o ataque visaria enviar mensagem aos sírios que apoiam os rebeldes --mostrar de modo dramático como a comunidade internacional está fraca e dividida, enfatizando que o regime tem condições de agir com impunidade crescente.

Sabe-se pouco sobre a coesão das forças armadas sírias e de seu comando e controle político --por exemplo, até que ponto comandantes individuais têm autonomia sobre as armas que empregam.

Mas, seja quem for que o teria ordenado, o ataque alimenta impressão de que um conflito em processo de escalada perigosa envolve a região mais ampla.


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