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Opinião

Falta de unidade ocidental confere sobrevida a ditador

ROULA KHALAF DO "FINANCIAL TIMES"

Bashar al-Assad, o ditador sírio acusado de usar armas químicas em um subúrbio de Damasco, deve ter se sentido orgulhoso no sábado.

No lugar de mísseis atingindo suas bases militares, foi oferecido a ele um atraso, talvez uma suspensão permanente, após o presidente Barack Obama levar a decisão de bombardear o país para aprovação do Congresso.

Enquanto Assad respirava aliviado, seus oponentes espumavam: "É decepcionante as democracias protegerem ditadores como Assad", disse Radwan Ziadeh, ativista sírio da oposição.

Há mérito em jogar para os parlamentares o peso de uma ação controversa. Mas a decisão de Obama (esperava-se o início dos bombardeios no final de semana) será interpretada em Damasco como fraqueza do Ocidente.

A aposta de Obama não tem garantia de referendo dos congressistas, que retornam ao trabalho no dia 9.

Assad pode emergir como beneficiado da democracia e do cansaço ocidentais com as guerras do Oriente Médio.

A mudança de Obama (autoridades não viam necessidade de aprovação do Congresso) expôs o desarranjo internacional em relação à Síria, situação de que Assad repetidas vezes se aproveitou.

Desde o surgimento da crise síria em 2011, o ditador se aproveitou da proximidade com a Rússia e com o Irã, aliados que não se incomodam com questões como legalidade e opinião pública. A hesitação dos governos ocidentais (e árabes) ficou evidente na semana passada com a busca dos EUA por apoio a uma coalizão militar.

Primeiro, veio o voto do Parlamento britânico contra a intervenção. A Alemanha e a Itália deixaram claro que não participariam. Só a França e a Turquia expressaram disposição de se juntar.

Tanto opositores quanto apoiadores criticaram. Os favoráveis disseram que o plano americano não era ambicioso. Os opositores temem que o país entre em uma guerra no Oriente Médio, como a do Iraque, em 2003.

Assad deve ter assistido ao debate com satisfação. Foi menos sobre uma guerra civil na Síria e a brutalidade de seu regime e mais sobre questões diplomáticas e políticas.

Autoridades sírias temem que Assad saia fortalecido, enquanto os governos ocidentais se ocupam dos efeitos colaterais da crise.

Finalmente, Assad ganhou mais tempo para equipar suas tropas e se preparar, tanto militarmente como com propaganda, para o que chama de agressão americana.


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