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Análise

Possível vitória de Merkel passa por sua tática de esvaziar oposição

Queda do desemprego e ganhos com o euro foram pontos fortes da campanha da atual premiê

Merkel sabe que a Alemanha ganhou com o euro. Disputando com os EUA o lugar de segundo maior exportador do mundo

GIORGIO ROMANO ESPECIAL PARA A FOLHA

Angela Merkel, chamada na campanha pelos seus seguidores de "Angie", é favorita para conquistar hoje um terceiro mandato, após campanha em que enfatizou sua personalidade, evitando polemizar em questões centrais.

Sem dúvida, o estado da economia alemã ajuda. O número de desempregados diminuiu de 5 milhões em 2005, quando Merkel iniciou seu governo de coalizão com o SPD (Partido Social-Democrata), para 3 milhões em 2013, quando terminou seu segundo governo.

Merkel sabe que a Alemanha ganhou com o euro. Disputando com os EUA o lugar de segundo maior exportador do mundo, o país dirige cerca de 60% de suas vendas para os países-membros da UE (União Europeia). Tendo suas relações comerciais predominantemente em euro, não há o risco de perda de competitividade devido à valorização da sua moeda e, com isso, mantém superavit com os demais países da UE.

O que deveria ser a novidade --o partido AfD (Alternativas para a Alemanha), que tentou explorar sentimentos antieuro-- não tem garantia de que superará a barreira de 5% para entrar no Parlamento (embora seja uma possibilidade real).

Merkel demonstrou ainda uma grande habilidade para esvaziar os pontos principais da campanha dos partidos de oposição. Em abril de 2011, logo depois do desastre em Fukushima, as pesquisas mostraram o partido dos Verdes no segundo lugar com 28% das intenções de voto.

Ela não hesitou em dar uma resposta rápida: o desmantelamento de todas as usinas nucleares da Alemanha. Hoje os Verdes disputam com o partido Esquerda (ex-comunistas) o terceiro lugar, com pouco mais de 10% das intenções de votos.

Outro exemplo foi o tema da introdução do salário mínimo nacional. Quando Merkel percebeu que esse seria um ponto forte para a campanha de seu rival e ex-ministro das Finanças Peer Steinbrück, ela o incorporou no seu próprio discurso.

Dito tudo isso, pode surpreender que a coalizão da democracia-cristã (CDU e CSU), junto com o seu aliado FDP, dificilmente ganhará mais votos do que os três partidos de esquerda juntos.

As diferenças práticas entre a centro-direita não são menores que entre a esquerda, mas o peso da história impede a formação de governo de unidade de esquerda.

Merkel ainda vai ter duas opções, dependendo da capacidade do FDP de ficar acima da barreira de 5%. Se ficar, teremos a continuidade da coligação atual. Caso contrário, fará uma reedição da grande coalizão junto com o SPD, que prefere estar na garupa da centro-direita a liderar a centro-esquerda.


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