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Análise
Impasse na Síria pode ajudar diálogo Washington-Teerã
Nenhum dos lados ganha com o prolongamento da situação em Damasco
O aceno de Hasan Rowhani ao Ocidente parece ser uma tentativa não só de retomar contatos, mas de incluir muitas das questões intratáveis da região em um grande acordo, no qual o Irã teria papel importante em negociar.
No topo da agenda de qualquer reunião não devem estar as sanções que paralisam a economia iraniana, mas sim a crise da Síria, que vem prejudicando Teerã economicamente e também representa uma imensa ameaça para a ordem regional.
A guerra está em impasse há mais de 12 meses, com nenhum dos lados capaz de expandir seus ganhos.
A violência incansável não vai decidir essa luta --a menos que as coisas se deteriorem de tal maneira que todos os envolvidos decidam participar diretamente de um confronto regional apocalíptico, o que é improvável.
Um momento de rara clareza emergiu quando Barack Obama ordenou a retirada dos navios lança-mísseis da Marinha americana e Bashar al-Assad --sob pressão da Rússia-- prometeu entregar as mais importantes armas estratégicas de seu arsenal.
Surgiu o ímpeto, de repente, para um movimento ao qual o Irã pode aderir com razoável segurança.
Amigos e inimigos de Assad encontraram território comum: nenhum deles deseja que a situação na Síria saia ainda mais do controle.
Assim, onde ficam as demais questões: o programa nuclear iraniano e a insistência americana e israelense de que ele serve para camuflar uma capacidade de ataque com mísseis nucleares? O moribundo processo de paz entre Israel e os palestinos?
Pela primeira vez em décadas, pode ser o momento de tratar melhor essas difíceis questões. Encontrar algo que pareça uma solução para a Síria seria um bom avanço, bem como um desfecho para o impasse entre israelenses e palestinos.
Os muitos interessados no Oriente Médio parecem sentir que temos uma verdadeira janela de esperança, que poderia se fechar rapidamente, com efeito devastador.
Damasco continua a ser uma questão vital para Teerã, como Israel o é para os EUA. Quaisquer concessões mútuas teriam de ser estudadas exaustivamente. Os sinais indicam, porém, que o mais crucial período da diplomacia mundial em gerações está a ponto de começar.