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Canadá espionou pasta de Energia do Brasil, diz documento

Segundo reportagem do "Fantástico", agência rastreou telefonemas e emails do ministério com outros países

Conteúdo de mensagens não teria sido acessado; entre os supostos monitorados estaria ex-embaixador no Canadá

ISABEL FLECK DE SÃO PAULO

A Agência Canadense de Segurança em Comunicação (CSEC, em inglês) teria espionado telefonemas e emails do Ministério de Minas e Energia (MME) brasileiro, segundo documento revelado pelo programa "Fantástico" ontem.

A reportagem cita uma apresentação sobre uma ferramenta da CSEC feita durante encontro de analistas de espionagem de cinco países (EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) em junho de 2012. O caso do MME foi usado como exemplo da aplicação da ferramenta.

O documento foi obtido pelo ex-técnico da americana NSA (Agência de Segurança Nacional) Edward Snowden, que revelou um amplo esquema de espionagem dos EUA neste ano. Snowden esteve na reunião de 2012 e entregou os papéis ao jornalista americano Glenn Greenwald.

Segundo a apresentação, o programa "Olympia" foi usado pela agência para mapear telefonemas e emails.

Aparentemente, a CSEC só teve acesso aos "metadados" --registros como destinatário, remetente, datas e horários.

Segundo o "Fantástico", porém, os canadenses conseguiram identificar até marcas e modelos de aparelhos usados.

Foram rastreadas ligações do MME com a Olade (Organização Latino-americana de Energia), com sede no Equador, e trocas de emails entre computadores do ministério e de países do Oriente Médio, da África do Sul e do Canadá.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a ação merece repúdio e reconheceu que o Canadá tem "interesse no Brasil, sobretudo nesse setor mineral". "Se daí vai o interesse em espionagem pra servir empresarialmente a determinados grupos, eu não posso dizer."

Uma das preocupações é a comunicação do MME com a Agência Nacional do Petróleo, responsável pelos leilões para exploração no país.

Um dos celulares monitorados foi o do subsecretário para África e Oriente Médio do Itamaraty, Paulo Cordeiro, que foi embaixador no Canadá entre 2008 e 2010.

No período em que teria sido monitorado, contudo, ele já estava no Brasil. O embaixador é um dos principais interlocutores entre empresas brasileiras ligadas ao setor de energia, como Vale e Petrobras, e governos africanos.

"Há sempre uma probabilidade de que você esteja sendo escutado. Você toma precauções, mas fica surpreso quando vê que caiu naquilo", disse Cordeiro à Folha. "Mas quando são conversas mais sérias, trabalhamos com telegramas cifrados."


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