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Foco

Para conter ebola, Espanha sacrifica Excalibur, cachorro de paciente contaminada

Há poucos estudos sobre transmissão de vírus entre cachorros e humanos; animal é morto e cremado em Madri em meio a protestos

DIOGO BERCITO EM MADRI

Morreu no fim da tarde desta quarta-feira (8), em Madri, um dos heróis instantâneos espanhóis na crise do ebola: o cachorro Excalibur.

Defendido por manifestantes que se engalfinharam durante o dia com a polícia, ele foi sacrificado pelo governo pelo temor de que pudesse estar infectado pelo vírus. O cão foi morto dentro do apartamento para ser cremado.

Excalibur, 12, era animal de estimação de Teresa Ramiro e Javier Limón, seu marido. Fora resgatado da rua. Ramos tem ebola, e Limón está sob observação.

O anúncio de que o cão seria morto havia levado manifestantes às ruas perto do prédio já na terça. Alguns deles pernoitaram ali e muitos trouxeram seus próprios animais. Na quarta, tentaram, sem sucesso, impedir a chegada da polícia e dos bombeiros. A confusão deixou dois feridos.

"Recebemos uma ligação de Limón, desesperado, pedindo ajuda", disse à Folha Silvia Barquero, do Partido Animalista espanhol, diante do prédio do casal. A organização mobilizara a multidão. "O cão é um membro da família. O governo foi pela via mais fácil, mas o animal poderia ser isolado e testado em vez de sacrificado", afirmou antes da morte do animal.

Há poucos estudos sobre a transmissão de ebola entre cachorros e humanos, e um especialista havia dito anteriormente que Excalibur poderia, se continuasse vivo, ajudar os pesquisadores. O sério risco de contágio, porém, não está descartado.

MINISTRA SOB PRESSÃO

O sacrifício do cão também tem significado político, já que se esperava uma ação firme da ministra da Saúde, Ana Mato. Seus críticos têm culpado a falta de controle do governo pelo surgimento do ebola no país.

Ramiro, a dona do cachorra, foi a primeira pessoa contaminada pelo vírus fora da África. De acordo com o jornal espanhol "El País", a contaminação pode ter acontecido quando ela tirou o traje de proteção depois de cuidar de um paciente. Em entrevista, ela disse sentir melhora em seu quadro.

Diante do prédio onde estava o cão, manifestantes gritavam que preferiam sacrificar a ministra. "A notícia gerou alarme social", diz Barquero.

"Os animais têm tantos direitos quanto nós", diz Margarita Arias durante o protesto. Ela vive nos arredores.

Carmen Contreras, que passeia com seu beagle Zero, diz que matar o cão "não é justo". "É a solução fácil. Logo vão querer matar todos."

Maria Henao, colombiana, conta que costuma trazer seu cão mestiço Rocky para passear na praça em frente ao prédio de Ramos e Limón.

"Por que não gastam esse dinheiro para salvar o Excalibur, em vez de pagar a polícia?", indaga diante de quatro furgões policiais.


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