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Depois da tempestade, Nova York vive dia de São Paulo

Motoristas apelavam para buzinaços, tentando avançar um quarteirão

Ônibus circularam sem cobrar passagem; com metrô ainda fora de operação, táxis estavam sempre lotados

Richard Drew/Associated Press
Ciclista e pedestres atravessam ponte do Brooklyn, em NY
Ciclista e pedestres atravessam ponte do Brooklyn, em NY
RAUL JUSTE LORES DE NOVA YORK

Sem metrô, com parte dos semáforos afetada pelo blecaute e táxis sempre ocupados, o trânsito de Nova York parecia o da Marginal Pinheiros em véspera de feriadão.

De três a quatro guardas de trânsito ficavam nos maiores cruzamentos, tentando controlar o trânsito pesado e permitir que pedestres pudessem atravessar.

Os motoristas começavam buzinaços espontâneos, tentando avançar um quarteirão.

"Estou há vinte minutos sem sair deste exato lugar, nunca vi algo assim", reclamava o gerente de finanças Jim Smith, que trouxe com ele outros três colegas do Brooklyn -por ordem da prefeitura, todo carro que entrasse em Manhattan pelas pontes e túneis precisava ter ao menos três passageiros.

Todos os ônibus circularam sem cobrar a passagem. Mas a multidão habituada a usar o metrô transformou os pontos de ônibus em enormes aglomerados e só uma pequena parte conseguia subir nos ônibus de catraca livre quando estes paravam.

"Sem o metrô, Nova York seria transformada em um gigantesco estacionamento", constatou no Twitter Ben Smith, editor de um dos sites americanos mais populares, o BuzzFeed.

Celulares continuaram sem sinal em boa parte da ilha e a internet bastante mais lenta. A distribuição de jornais ficou comprometida. Mas muitos escritórios foram reabertos ontem, nas áreas da cidade com luz.

O blecaute que afeta a maior parte de Manhattan abaixo da rua 40, atingindo bairros como Chelsea, Flatiron, Village, Soho e Tribeca, obrigou que dezenas de milhares de pessoas andassem até 40 quarteirões para achar alguma lanchonete ou café aberto -depois de dois dias sem energia, os mantimentos comprados no domingo já estragaram.

Na região conhecida como Midtown, essas multidões de habitantes despejados pelo blecaute competiam com turistas em filas nos poucos mercadinhos e farmácias abertos. Em todo restaurante funcionando, os poucos garçons já anunciavam "pouca equipe, pouco fornecedor, trabalho improvisado".

Turistas conseguiram finalmente voltar a fazer compras. Grandes lojas, como a Bloomingdales, abriram ontem, com menos funcionários que de costume, mas já apresentavam filas.

Depois de mais de 60 horas de clausura dentro de casa, parece que todos os pais de Manhattan que puderam faltar ao trabalho decidiram sair com seus filhos ao mesmo tempo. Uma superpopulação de crianças e bebês em patinetes e carrinhos com pais assumidamente aliviados depois do toque de recolher do então ciclone.

Várias crianças saíam para esse primeiro passeio na rua desde domingo vestidas de super-heróis, bruxinhas e vampiros, celebrando o Halloween. Um escapismo depois da tragédia.

RESPONSABILIDADES

Nas redes sociais, entre os privilegiados novaiorquinos que tinham acesso à internet, vários internautas se perguntavam como a companhia de energia local estava tão despreparada para o desastre (ontem, cerca de 5,5 milhões de pessoas continuavam sem energia no país, 600 mil em Nova York), mesmo com a frequência de ciclones e furacões que atingem a cidade.

Havia reclamações contra o governo e contra a ausência de debate sobre mudanças climáticas e aquecimento global na campanha presidencial americana.

"Não sei mais o que poderia ser feito que já não tenhamos providenciado", desabafou o governador do Estado de Nova York, o democrata Andrew Cuomo.

A presidente da Câmara dos Vereadores de Nova York, Christine Quinn, favorita para suceder o prefeito Michael Bloomberg, começou uma campanha no Twitter para que as pessoas compartilhassem escritórios disponíveis com luz, água ou internet com quem está desalojado.

"Se você tem luz e uma mesa disponível, ofereça pelo Twitter #sandycoworking", postou na rede social.

Já a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) continuou fechada.


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