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Europa aplicará mais austeridade em 2013

Analistas temem que novos cortes de gastos e altas de impostos prejudiquem ainda mais a perspectiva de crescimento

Políticas precisam focar mais expansão, dizem alguns economistas; outros veem tentativa de reformas estruturais

RODRIGO RUSSO DE LONDRES

Apesar da necessidade de promover crescimento para fugir da recessão econômica, os países mais afetados pela crise na zona do euro continuam apostando em medidas de austeridade para o Orçamento de 2013.

Especialistas ouvidos pela Folha temem que os sucessivos cortes de gastos e aumentos de impostos prejudiquem ainda mais as perspectivas de crescimento na região.

"Há uma crescente preocupação de que todas as medidas de austeridade fiscal que foram implementadas e que continuarão a surgir em diversos países nos próximos meses prejudiquem a economia, ampliem recessões e tornem a recuperação mais difícil", observa Howard Archer, economista-chefe para a eurozona da IHS Global Insight.

Para Archer, há clara necessidade de políticas que foquem mais o crescimento que as atuais, centradas na redução dos níveis de dívida pública e deficit orçamentário.

A França, segunda maior economia europeia e que está com o PIB estagnado há três trimestres, tenta oferecer estímulos às empresas para aumentar a competitividade.

Na semana passada, o governo do presidente François Hollande anunciou que oferecerá € 20 bilhões em cortes de impostos para empresas, de forma a estimular a economia e combater o crescente desemprego, já acima da marca de 10% da população.

Apesar disso, Hollande divulgou o "Orçamento mais austero dos últimos 30 anos", em suas palavras, prevendo economia de € 30 bilhões para os cofres públicos -alta de impostos de € 20 bilhões para as empresas e pessoas físicas com mais renda e um congelamento de gastos que traria os outros € 10 bilhões.

Essas medidas fariam com que o deficit da França ficasse abaixo dos 3% do PIB, conforme compromisso com as autoridades europeias. Mas a própria Comissão Europeia já divulgou que o país não conseguirá alcançar a meta.

REFORMA ESTRUTURAL

Ramon Pacheco, professor de estudos europeus do King's College de Londres, avalia que a Europa aposta em reformas estruturais: "Tenho a impressão de que os governos iniciaram um processo de longo prazo de modificação de suas estruturas econômicas domésticas".

Espanha, Portugal e Grécia, países que já precisaram recorrer a pacotes de socorro das autoridades europeias, também focam a redução de gastos públicos e o aumento de impostos nos Orçamentos para o ano que vem.

Na Grécia, a nação mais afetada pela crise, as medidas de austeridade no Orçamento de 2013 chegam a € 9,5 bilhões (4,5% de seu PIB).

Em Portugal, a redução de gastos atinge € 5,3 bilhões. O governo aumentou o Imposto de Renda dos cidadãos em 30%, na média. A Espanha, que pediu socorro financeiro apenas para seu setor bancário, fará aperto fiscal que chega a € 39 bilhões em 2013.

"Como o crescimento no curto prazo se mostrou uma ilusão, esses governos parecem dispostos a fortalecer seus países ao máximo para quando o crescimento voltar no futuro", afirma Pacheco.

Apesar da austeridade, a zona do euro não enfrenta uma situação como o "abismo fiscal" dos EUA -a obrigatoriedade de cortar gastos e eliminar benefícios que pode levar à retirada de US$ 600 bilhões da economia.

Pacheco diz que a situação americana pode ser contornada com acordo político doméstico, mas os europeus, sem a liberdade do governo dos EUA, introduzem o aperto fiscal para continuar vendendo títulos no mercado externo e evitar uma moratória.


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