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Ex-tesoureiro nega caixa dois em partido de Rajoy
Antes de Bárcenas depor, ex-deputado do PP reconheceu pagamentos extras
'Mensalão' espanhol envolve o premiê; promotores pretendem ouvir 15 empresários citados em documentos
O ex-tesoureiro do Partido Popular Luis Bárcenas, um dos principais envolvidos no escândalo do "mensalão" espanhol, negou ontem, em depoimento, a existência de um caixa dois no partido entre 1990 e 2009.
Bárcenas, que foi responsável pelas finanças do partido entre 2008 e 2009, depôs por mais de duas horas diante de promotores em Madri e fez um teste para comparar a sua caligrafia com a encontrada nos cadernos manuscritos que registraram, fora da contabilidade oficial do partido, doações periódicas de empresários à cúpula do PP -entre eles, o atual premiê, Mariano Rajoy.
O ex-tesoureiro negou que a letra seja sua.
Ao chegar ao prédio da Procuradoria Anticorrupção, Bárcenas foi recebido aos gritos de "ladrão" e "porco" por um grupo de manifestantes. Na saída, não deu nenhuma declaração aos jornalistas.
Antes do depoimento do ex-tesoureiro, os promotores ouviram o ex-deputado do PP Jorge Trías Sagnier, que reconheceu a existência de pagamentos extras no partido. "Cumpri meu dever", disse Sagnier ao deixar o local.
Hoje, será a vez de Álvaro Lapuerta, 85, tesoureiro do PP entre 1993 e 2008, depor. Em comunicado divulgado na última semana, ele negou que as informações contidas nos documentos divulgados pelo jornal "El País" se refiram ao período em que foi responsável pelas contas.
Segundo o diário, a Procuradoria ainda convocará a depor 15 empresários apontados nos documentos do PP. A investigação pretende revelar se houve favorecimento dessas companhias -a maioria do ramo de construção- em contratos públicos, o que configuraria crimes como prevaricação, malversação e tráfico de influência.
O escândalo, que atinge diretamente o premiê -segundo os documentos, ele teria recebido R$ 70 mil anuais durante 11 anos, antes de assumir-, tem causado especial revolta entre a população, já que Rajoy tem demandado sacrifícios cada vez maiores da população para combater a recessão e o desemprego.
Uma pesquisa do CIS (Centro de Investigações Sociológicas) realizada antes do escândalo já apontava que, em um ano, o apoio do governo Rajoy caiu de 44% para 35%.