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New York Times

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Brasil acolhe operações de alta frequência

Por DAN HORCH e NATHANIEL POPPER

SÃO PAULO, Brasil - Em um momento em que a simples expressão "operações de alta frequência" faz alguns investidores tremerem, o Brasil torna-se mais receptivo aos negócios digitais.

Nos últimos anos, a BM&F Bovespa, em São Paulo, tomou medidas para tornar seu mercado mais amistoso às transações em alta frequência (HFT, na sigla em inglês), apesar de reguladores de todo o mundo terem uma visão cada vez mais cética do setor, depois de uma série de disfunções do mercado muito divulgadas nos Estados Unidos.

Legisladores do Canadá, da Austrália e da União Europeia estudam impor limites a esses corretores, cujos horizontes de investimentos são medidos em milissegundos, em vez de meses.

"Dada a atenção e o discurso político sobre os riscos percebidos da HFT, as Bolsas estão muito reticentes em promover agressivamente e atrair transações em alta frequência", disse o analista Andy Nybo.

Mas no Brasil -assim como em outras economias em desenvolvimento, como Chile e México-, as bolsas estão cortejando as corretoras de alta velocidade sem muita resistência. O interesse acontece pois essas corretoras podem executar milhares de negócios por segundo, resultando em grandes comissões.

A BM&F Bovespa, que fechou seu pregão aberto em 2009 em favor de redes de transações eletrônicas, está aumentando seus esforços para sustentar a negociação computadorizada.

Em abril, a Bolsa brasileira adotou um sistema de computador conhecido como Puma, que permite que as corretoras em alta velocidade entrem e saiam de transações mais rapidamente. A Bolsa oferece descontos a essas corretoras desde outubro de 2010.

As ações na Bolsa brasileira valem cumulativamente US$ 1,2 trilhão, mas o volume diário de negociações é de apenas US$ 3,7 bilhões, aproximadamente.

Nos Estados Unidos, uma única grande ação como a da Apple pode movimentar mais do que isso em um só dia.

Os volumes comparativamente baixos são em parte um reflexo do envolvimento um tanto limitado das corretoras de alta velocidade, que respondem por apenas 10,6% dos negócios com ações no Brasil. Embora esse valor seja superior aos 8,5% de 2012, ainda é uma fração das transações em outros grandes mercados globais. Nos Estados Unidos, essas firmas dominam a maior parte dos negócios. Na Europa, são responsáveis por cerca de 45% das transações, segundo a empresa de pesquisas e consultoria Celent.

O impulso da Bolsa brasileira parece uma aposta arriscada para muitos críticos da aceleração dos mercados americanos na última década.

As corretoras de alta frequência foram acusadas de usar a tecnologia para movimentar os preços das ações em seu próprio benefício e enganar os investidores tradicionais. Elas também levaram parte da culpa por deslizes do mercado como a "quebra-relâmpago" de maio de 2010, quando os índices de ações caíram quase 10% em menos de meia hora.

Wallace C. Turbeville, associado sênior do grupo de pesquisa Demos, de Nova York, disse que a maioria das ofertas feitas por empresas de HFT eram "ilusórias": elas não existem para ser executadas, mas para medir, distorcer e explorar o sentimento do mercado, aumentando a volatilidade e os custos para outros investidores.

Executivos brasileiros dizem acreditar que conseguiram evitar problemas com uma regulamentação rígida. Eles também estão tentando reter muitos outros desenvolvimentos tecnológicos que complicaram os mercados americano e europeu. O Brasil proibiu, por exemplo, locais privados onde podem ocorrer transações longe da visão do público, conhecidos como "dark pools" (literalmente, "lagos escuros").

Ao contrário dos Estados Unidos, que têm 13 Bolsas de Valores públicas, a BM&F Bovespa continua sendo a única no Brasil.

Cícero Vieira, diretor de operações da BM&F Bovespa, disse que um único ambiente de negociação significa que as empresas corretoras computadorizadas têm menos oportunidades de arbitragem -simultaneamente vender caro em um lugar e comprar barato em outro-, o que deveria limitar a corretagem de ultrapassar 20% do volume total, aproximadamente. "Quando se trata de HFT, não existe risco zero", disse Vieira. "Nossa filosofia é conter o impacto dos erros."


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