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New York Times

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Alemanha aposta recursos fora da Europa

Por JACK EWING

FRANKFURT - Sempre que a Alemanha prospera, o mesmo vale para o resto da Europa. Mas essa crença do passado está sendo questionada pelos países vizinhos, que veem indícios de que a Alemanha está decolando sem eles.

Companhias alemãs, celebradas pela premiê Angela Merkel, começam a transferir sua atenção para fora da Europa e dos EUA.

"No momento, a história envolve separação, em lugar de apoio solidário", disse Carsten Brzeski, economista sênior do banco holandês ING.

Se o governo de Merkel obtiver sucesso em aumentar a presença mundial da economia alemã, não só isolará o país dos problemas europeus como garantirá que ele continue a ser uma potência econômica mundial.

Para o resto da zona do euro e da União Europeia, porém, a unidade depende do comprometimento da Alemanha, o mais rico e poderoso país-membro da organização.

Enquanto Berlim priorizar interesses fora da Europa, o projeto de unidade europeia será menos seguro. "A Alemanha está menos disposta a participar do jogo", disse Stefano Micossi, da associação setorial italiana Assonime. Os líderes europeus estão "recuando à desconfiança mútua e às soluções nacionais".

O crescimento alemão de 2,9% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, elevou a média da zona do euro e, no papel, pôs fim à recessão iniciada em 2011. Mas uma observação mais atenta mostra uma grande disparidade entre os países do cinturão norte, como Alemanha, Áustria e Finlândia, e os do sul, como Espanha, Itália e Grécia, onde a contração continua, ainda que em ritmo mais moderado.

A questão agora é determinar se as companhias alemãs serão capazes de redescobrir alguns de seus tradicionais mercados na Europa. Empresas como a Linde, fornecedora alemã de gases para uso industrial, são grandes empregadoras no sul da Europa. Mas o grande crescimento da Linde neste ano aconteceu nos EUA, que também se tornaram importante mercado para a Voith, fabricante de equipamento industrial que espera lucrar com a lei que incentiva a energia hidrelétrica.

A China se tornou o mercado mais importante para a Volkswagen, que vendeu 1,5 milhão de carros para o país já nos seis primeiros meses do ano. A montadora vem enfatizando também as suas operações na América do Norte.

Mas o maior parceiro comercial da Alemanha continua a ser a França, com a qual os alemães comerciaram 169 bilhões de euros (R$ 508 bilhões) em 2012, somando importações e exportações.

"A Europa desempenha papel completamente diferente da China", diz Karl-Heinz Paqué, professor de economia na Universidade de Magdeburg, na Alemanha. "Não são apenas elos comerciais, mas uma integração profunda".

Em contraste com a França, a Grécia estava em 44° lugar no ranking dos parceiros comerciais da Alemanha, atrás do Vietnã.

Mas Jörg Asmussen, membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE), disse que a correção dos desequilíbrios que resultaram na crise da zona do euro -como a perda de competitividade dos países atingidos- pode demorar anos.

"É natural que a Alemanha busque novos parceiros comerciais", disse Wolfgang Lechthaler, do Instituto Kiel de Economia Mundial. Para ele, mesmo que o comércio com o resto da Europa se recupere, "ele pode não retornar ao nível do passado".


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