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New York Times

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Cidade suíça lamenta a queda de banco

Por JOHN TAGLIABUE

ST. GALLEN, Suíça - Diante do tamanho modesto de seus escritórios, é fácil subestimar a marca que o banco antes chamado Wegelin deixou nesta pequena cidade.

Não é apenas porque ele foi o banco mais antigo da Suíça, fundado em 1741 ou porque seu sócio e diretor sênior, Konrad Hummler, era filho de um ex-prefeito, presidente do conselho do "Neue Zürcher Zeitung", o principal jornal do país, e o prolífico autor de colunas que, muitas vezes, denunciavam as práticas comerciais de grandes bancos suíços, como o UBS.

Mais importante do que tudo isso, o Wegelin, que fechou em janeiro, era um importante patrocinador de instituições culturais.

Entre seus projetos, estava o financiamento da execução e da gravação de toda a obra vocal do compositor alemão Johann Sebastian Bach -mais de 200 cantatas-, uma tarefa que deveria demorar mais de 20 anos.

O banco também dedicava-se a preservar a herança arquitetônica da cidade.

Em 2007, o Wegelin pagou quase US$ 2 milhões por uma parte importante do antigo convento gótico de Santa Catarina, com uma capela elevada e o claustro em abóbadas, que estava em mau estado de conservação.

Então ele patrocinou a restauração da capela, do seu órgão do século 19 e de outras partes dos prédios. A ideia era usá-los para apresentações das obras de Bach e outras.

Hoje tudo isso está ameaçado. No ano passado, o Wegelin foi acusado nos Estados Unidos de ajudar ilegalmente cidadãos americanos a sonegar impostos. O Wegelin foi dividido e seus valiosos ativos foram colocados em outro banco local, o Raiffeisen. Seus ativos ruins continuaram com o Wegelin, mas seu nome foi modificado para Notenstein Privatbank.

Os executivos do Wegelin acabaram declarando-se culpados, em um tribunal em Nova York, por ajudar americanos a evitar impostos sobre US$ 1,2 bilhão de ativos entre 2002 e 2010 e concordaram em pagar a restituição e multas de quase US$ 60 milhões. Entrando no processo, um dos mais próximos associados de Hummler, Otto Bruderer, disse ao tribunal que o Wegelin sempre acreditou estar de acordo com a lei suíça, acrescentando que "essa conduta era comum na indústria bancária suíça".

Madeleine Herzog, responsável pela pasta de Cultura no governo municipal, disse que a restauração do convento de Santa Catarina feita pelo banco foi "exemplar". Mas ela estava preocupada com um futuro sem o Wegelin.

Para muitos moradores da cidade, o desaparecimento do banco causou decepção.

"Não estou surpreso, estou muito desapontado. Para uma instituição séria, eles foram ingênuos", disse o historiador Marcel Mayer, 58.

Líderes empresariais mantiveram o respeito por Hummler e pelo banco. O lucro "não era a motivação principal para Hummler apoiar as artes", disse Fredmund Malik, 58, um consultor de negócios austríaco. "Era uma preocupação genuína, muito profunda, em um nível muito alto."

Ele acrescentou: "Existe uma tristeza geral diante do que aconteceu. Mesmo entre os banqueiros privados a reação foi discreta".


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