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New York Times

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Impelido à fama pelo casaco de Michelle

Por GUY TREBAY

No momento em que Michelle Obama usou um casaco e um vestido xadrez de seda azul marinho na posse do presidente Barack Obama, o estilista Thom Browne, 47, em grande medida cult, saltou da semiobscuridade influente para o centro das atenções.

"Eu queria criar um estilo nitidamente americano, algo que as pessoas em todo o mundo pudessem admirar", comentou Browne a respeito do vestido da primeira-dama. "O que achei realmente bacana foi que o líder do país e sua mulher estavam tão 'cool'."

"Cool" é um termo que Browne emprega com frequência e que é tão bom quanto qualquer outro para definir sua estética. Sua forma preferida de "cool" é destituída de emoção, e sua iconografia é específica de um período.

Esse período é a metade do século 20, e, de acordo com Thom Browne, as imagens mais puras de "cool" de meados do século passado são as do ator Steve McQueen em "Crown, o Magnífico" ou as de John F. Kennedy quando ele ainda era senador do Massachusetts. "Nessa época, havia um estilo americano distinto que era admirado por pessoas de todo o mundo", disse Browne.

A conformidade inflexível desse estilo e a aura de eficiência automatizada característica da América expansionista do pós-guerra -um período que coincide com a infância do estilista em Allentown, na Pensilvânia- são o que Browne gosta de acreditar que ele trouxe para a moda.

Não há dúvida de que a moda masculina que fez sua fama -ternos enxutos, camisas sociais de tecido Oxford, gravatas-borboleta, casacos universitários e uma multidão de outros emblemas dos usos e costumes da classe alta- representa uma crítica ao caráter casual do final do século 20.

O que sugerem o vestido de Michelle Obama e as críticas mais do que positivas que Browne recebeu é que o momento atual é receptivo às intuições de Browne.

Um teste certeiro foi a reação suscitada pela coleção de Thom Browne na Semana de Moda de Nova York, entre 7 e 14 de fevereiro. Lá, o estilista chamou a atenção com uma linha de roupas em escala tão ambiciosa que, segundo Eric Wilson, do "New York Times", parecia ser uma tentativa de ingresso no panteão dos grandes nomes da moda.

Thom Browne reflete muito sobre as roupas. Na realidade, reflete muito sobre todo seu processo. Embora ele seja um desenhista competente, Browne não é formado em moda, não sabe drapejar ou costurar e afirma ter aprendido tudo o que sabe sobre moda masculina com Rocco Ciccareli, o alfaiate septuagenário que é dono da fábrica onde suas roupas são feitas. Mas é quase certo que ele também aprendeu alguma coisa no períodos que passou, na década de 1990, trabalhando para a Armani e a Club Monaco.

O vice-editor da revista "GQ", Michael Hainey, disse que Thom Browne é alguém que veio mudar as regras do jogo -um estilista cuja estética é tão singular (como foi Coco Chanel ou Alexander McQueen) que é preciso algum tempo para o olhar se acostumar.

"No começo, sua visão sugeria algo extremamente agressivo", disse Tom Kalenderian, vice-presidente executivo da Barneys Nova York, aludindo a um período inicial em que Browne cortava seus ternos curtos e justos. Algo que pareceu estranho na época hoje parece estranhamente proporcional e correto.

Poucos criadores de moda masculina parecem não ter sentido a influência de Browne.

"Gosto que haja algo leve, espirituoso, irônico ou provocante no trabalho, algo que divirta, sem ser intelectual demais", disse Browne, que já exibiu roupas com modelos erguendo-se de caixões e encenou desfiles como espetáculos de circo. Na realidade, suas criações podem ser tão clássicas e "wearable" (próprias para o uso na vida real) quanto o vestido de Michelle Obama. Mas não é essa a questão, de certo modo.

Browne explicou: "Quero propor às pessoas conceitos que as levem a rir, a sorrir ou até a odiar o que eu faço. Não estou interessado em simplesmente levar roupas para lojas".


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