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Ribeirão

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Há concentração de médicos em Ribeirão, diz secretário

Para Stenio Miranda, os profissionais estão mal distribuídos pela cidade

Chefe da pasta diz ter dificuldade de repor médicos em bairros carentes quando há alguma aposentadoria

JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO

Em Ribeirão Preto não faltam médicos em número absoluto para o atendimento básico na rede pública. A dificuldade é que esses profissionais estão mal distribuídos na cidade.

A opinião é do secretário da Saúde do município, Stenio Miranda. Ele afirmou ter dificuldade, quando há aposentadoria de médicos, de encontrar um novo profissional para atuar em bairros mais carentes. Leia, a seguir, trechos da entrevista à Folha.

Folha - Faltam médicos em Ribeirão Preto?

Stenio Miranda - É uma questão complexa, que não se resume a vagas de um time de futebol, de 11 jogadores. Hoje você tem uma quantidade de médicos, amanhã a realidade muda, porque médicos pedem demissão todos os dias. Digo que eu cubro na atenção básica 96% das minhas necessidades. Há 4% que estão descobertos, mas que adquirem uma grande visibilidade.

Por quê?

Porque aí alguém [paciente] vai lá naquela unidade onde está descoberta, porque o médico pediu demissão. E para contratar, preciso fazer concurso, que leva um tempo mínimo de seis meses. Aí vocês [imprensa] vêm com o jargão "faltam médicos". Não é esse o problema. Em Ribeirão não faltam médicos. No Brasil não faltam médicos, estão mal distribuídos.

E em Ribeirão também?

Sim, Ribeirão é uma miniatura do Brasil. Temos uma quantidade global de médicos por habitante comparável aos países desenvolvidos, mas esses médicos estão concentrados. Há muita dificuldade para fixar um médico em um bairro distante. Assim como para o interior do Maranhão, há dificuldade de fixar médico no Ribeirão Verde, no Jardim Aeroporto, Jardim Juliana.

Quais são essas dificuldades?

Bem, há a distância. O médico tem de gastar mais para se deslocar e está longe dos outros locais de trabalho. E há também a expectativa do médico: os profissionais são oriundos de classes sociais privilegiadas, que puderam fazer bom colégio e entrar numa universidade pública ou pagaram uma particular.

E não há como obrigá-los?

Não. Se ele está insatisfeito, pede demissão e não vem mais. Temos que fazer um pacto constante de convencê-los a trabalhar nesses locais. Temos nesses locais, sim, médicos muito comprometidos, mas quando algum se aposenta, é difícil repor.

Isso só mudará quando o ensino no Brasil for democratizado. Quando alguém de região pobre conseguir se formar médico, não terá resistências de atuar no seu bairro. E hoje o currículo ainda é voltado para a formação hospitalar. Quando se forma, ele vai trabalhar em um posto de saúde. Aquilo choca muito com a formação e expectativas dele.

E o sr. é a favor da proposta federal de aumentar em mais dois anos o curso?

Fico receoso de opinar, porque essas propostas do governo parecem balão de ensaio. E tem aspectos éticos não resolvidos, como obrigar uma pessoa a fazer algo em determinado lugar. Mas é bom que alunos tenham uma formação mais longa, para que não saiam imaturos. E que tenham desde o começo essa proximidade com o SUS.


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