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Ribeirão

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Para socióloga, trabalhador é esquecido

DE RIBEIRÃO PRETO

Imigrantes, colonos, boias-frias. Para a professora da pós-graduação em sociologia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) Maria Aparecida de Moraes Silva, a história dos trabalhadores rurais é um relato que incomoda e, por causa disso, não está bem representada nos museus existentes no Estado de São Paulo.

"Os trabalhadores rurais seriam os não convidados para essa festa", afirmou.

"Porque é uma história que incomoda, por mostrar a realidade da exploração da força de trabalho e da luta pelos direitos no campo."

Da utilização de escravos nas plantações de café ao processo de concentração de terras que transformou os camponeses em boias-frias, os trabalhadores foram responsáveis pela produção da riqueza nos campos paulistas ao longo das décadas, de acordo com a pesquisadora.

"Há dois elementos que produzem riqueza: o trabalho e a terra", disse.

Mas somente a partir da década de 1980, depois de uma onda de greves rurais --especialmente a levanta na cidade de Guariba, em 1984--, os direitos trabalhistas começaram a ser estendidos também aos trabalhadores do campo.

"Toda essa história de dominação e de lutas não aparece na construção dessa memória", afirma a professora da UFSCar.

"Só que os trabalhadores foram os responsáveis pela produção dessa riqueza."

Há 30 anos estudando o trabalho rural no Estado de São Paulo, Maria Aparecida afirmou ter coletado diversos depoimentos de boias-frias, com relatos de uma situação degradante.

VAZIO

Com o salário corroído pela inflação na década de 1990 e pagamentos atrasados pelas usinas da região, eles levavam marmitas vazias para as lavouras de cana-de-açúcar como forma de evitar a vergonha de mostrar que não tinham o que comer.

"Em todo o processo de construção da memória feita pela classe dominante, ela procura esconder debaixo do tapete tudo aquilo que interessa para ela, para não macular a sua imagem", afirmou a professora.


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