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Farol alto

Sinais amarelos

Era a sexta-feira pós-Carnaval, e as cicatrizes do temporal do dia anterior se espalhavam pela cidade

Os semáforos passaram do vermelho para o amarelo intermitente e a manhã mudou. Era a sexta-feira pós-Carnaval, e as cicatrizes do temporal do dia anterior se espalhavam pela cidade. Os sinais piscantes no cruzamento da rua Demóstenes com a avenida Vereador José Diniz eram uma dessas marcas.

Um semáforo pifado revela as caras do trânsito. O motorista cordial cede a vez aos carros que vêm pelo outro lado do cruzamento, mas não encontra a mesma gentileza quando resolve avançar. Atrás dele, o condutor da van de entregas buzina e grita: "Vai, tiozinho!".

A estudante parada em frente à faixa de pedestres fala ao celular. O motorista cordial permanece parado e, a seu lado, um carro reduz a velocidade para que ela atravesse a rua.

Porém, há uma terceira pista. É por essa que a van avança apressada e fecha o cruzamento.

Um motoboy que vinha em sentido contrário faz um movimento brusco para desviar do furgão e usa todos os dedos da mão esquerda para xingar o motorista. A estudante continua à beira da faixa, telefone em punho, em seu universo ilimitado de cliente pós-pago.

A van força a passagem e fecha a faixa preferencial. Uma fila de ônibus se forma e surge uma brecha em meio ao caos.

O motorista cordial consegue avançar e vira à esquerda. A van pega um trecho pela contramão e segue seu caminho. O carro parado na faixa do meio não sai do lugar.

Vem a sinfonia de buzinas. Os automóveis começam e embicar em todos os lados do cruzamento à espera de espaço. As proibições de parar sobre a faixa de pedestres e de não fechar o cruzamento são revogadas.

Chega a minha vez. Consigo passar pelo cruzamento e seguir em direção à avenida Ibirapuera. O trânsito estava parado na pista contrária, onde outras vans, motoboys e motoristas cordiais se encontravam. Só a estudante era a mesma, parada em frente à faixa de pedestres, falando ao celular.


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