Revolucionária na exibição, 'Mosaic' inova pouco visualmente

RODRIGO SALEM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

MOSAIC (bom) * * *
ONDE HBO
QUANDO seis episódios, de segunda (22) a sexta (26), sessão dupla, às 23h

"Mosaic" não apenas levanta uma questão sobre o que é TV ou aplicativo. O projeto capitaneado por Steven Soderbergh também coloca uma dúvida na mente do crítico: como escrever sobre um projeto que pode ser visto de maneira linear em seis episódios na TV (no Brasil) e assistido sob diferentes perspectivas em um aplicativo para celular e tablets (nos EUA)?

Assisti à "Mosaic" no aplicativo lançado em novembro. Minha escolha de personagem começou pelo drama de Olivia Lake e depois passei para Petra (já já voltamos a elas). Não voltei muito para acompanhar outras perspectivas até me aproximar do final –e vi todos os vídeos/pistas/extras interativos que pulam na telinha no meio dos episódios.

Nessa brincadeira, passei três dias interessado numa trama de suspense criminal, sem desviar a atenção para outros elementos distrativos comuns quando estamos assistindo a séries normais na TV.

Só por isso, "Mosaic" é um trunfo narrativo. Não é um videogame (apesar de os elementos interativos serem parecidos) nem uma série normal. É uma experiência imersiva inovadora e que deve ficar mais complexa com o domínio da narrativa.

A trama gira em torno de uma escritora famosa chamada Olivia Lake (Sharon Stone). Uma mulher consagrada, mas com péssimas escolhas de relacionamentos. Seu noivo, Eric Neill (Frederick Weller), tem um passado de trambiqueiro, mas parece estar apaixonado pela celebridade.

Olivia Lake é assassinada e, apesar do xerife Alan Pape (Beau Bridges) ter prendido Eric, tudo indica que o verdadeiro assassino está livre.

Damos um salto no tempo e passamos a acompanhar Petra Neill (Jennifer Ferrin) na tentativa de tirar seu irmão, Eric, da prisão, com a ajuda de um detetive em busca de autoafirmação (Devin Ratray, a melhor coisa do programa).

Em tempos de revoluções narrativas, como "Twin Peaks", ou de construções em tempo real de crimes verídicos ("Making a Murderer"), "Mosaic" é pouco inovadora visualmente, apesar de revolucionária na exibição.

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