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18/06/2010 - 22h52

ONU pede "responsabilidade" à Coreia do Norte; EUA avaliam sanções financeiras

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, pediu nesta sexta-feira "responsabilidade" ao governo da Coreia do NOrte, que ameaçou com uma resposta militar se o Conselho de Segurança da ONU condenar Pyongyang pelo ataque a um navio sul-coreano.

A Coreia do Sul levou neste mês ao Conselho de Segurança da ONU sua queixa de que a Coreia do Norte teria torpedeado sua corveta Cheonan, resultando na morte de 46 militares, e pediu medidas para evitar "novas provocações."

"Todos os membros das Nações Unidas têm que atuar com responsabilidade, de acordo com a letra e o espírito da Carta das Nações Unidas", disse Ban em entrevista coletiva. Antes de ocupar o atual cargo, ele era chanceler da Coreia do Sul.

Ban afirmou que Pyongyang deve "cumprir com todas as decisões e resoluções da Assembleia Geral e do Conselho Geral, assim como de todos os outros órgãos da ONU". "Essa é a responsabilidade e a obrigação básica dos membros das Nações Unidas", insistiu.

Na terça-feira (15), o enviado da Coreia do Norte para a ONU, Sin Son-ho, disse que uma eventual ação do Conselho de Segurança com relação ao caso será alvo de um "acompanhamento" militar.

"Se o Conselho de Segurança divulgar quaisquer documentos contra nós condenando ou nos questionando em qualquer documento, então eu, como diplomata, nada posso fazer, mas medidas de acompanhamento serão realizadas por nossas forças militares", disse Sin, em inglês, numa rara entrevista coletiva.

"Se qualquer ação for tomada pelo Conselho de Segurança contra nós, eu perco meu trabalho", disse ele. "Os militares terão seu próprio trabalho, quero dizer, a continuidade."

Ele disse que a situação na península da Coreia permanece tensa devido às "imprudentes manobras" do Sul. Segundo ele, a região vive "uma situação incerta, em que a guerra pode estourar a qualquer momento." Nessa hipótese, "nosso povo e nosso Exército irão esmagar nossos agressores."

ONU

As delegações das duas Coreias apresentaram separadamente aos 15 países do Conselho as suas versões sobre os incidentes de 26 de março. O presidente do Conselho, o mexicano Claude Heller, pediu que as duas partes "evitem qualquer ato que possa escalar as tensões na região."

Diplomatas dizem que a Coreia do Sul espera uma reprimenda do Conselho ao Norte. Mas a China, que tem poder de veto, reluta em apoiar qualquer medida que possa afetar sua aliada Coreia do Norte.

Sin reiterou a posição norte-coreana de que as acusações de Seul são uma "completa fabricação" e exigiu que Pyongyang possa enviar sua própria equipe de investigação ao local do incidente.

"É de fato uma história engraçada", disse ele sobre a investigação sul-coreana, "algum tipo de ficção." "Se os sul-coreanos não têm nada a esconder, não há razão para que não aceitem o nosso grupo de inspeção."

Ele rebateu longamente as provas apresentadas pela Coreia do Sul, e sugeriu que a corveta pode ter naufragado por causa de rochas no mar. "Não estou aqui para culpar ninguém, mas para esclarecer o que aconteceu."

Sin também contestou o caráter internacional da investigação realizada, alegando que os estrangeiros tinham papel apenas simbólico num trabalho realizado por sul-coreanos.

Segundo ele, as acusações foram "fabricadas na busca por objetivos políticos", entre os quais influenciar nas recentes eleições da Coreia do Sul e envenenar as boas relações da Coreia do Norte com a China.

Os Estados Unidos, disse Sin, também se beneficiaram do incidente, por terem contribuído para que o Japão recuasse das suas exigências anteriores para que os norte-americanos fechassem a sua base militar de Okinawa.

Sanções dos EUA

O governo americano está considerando ir atrás dos bens de entidades e pessoas da Coreia do Norte para punir Pyongyang após o afundamento de um navio sul-coreano, disseram fontes familiares ao assunto nesta sexta-feira.

Congelar bens fora do país de origem seria a primeira ação concreta dos EUA contra a Coreia do Norte pelo afundamento da corveta sul-coreana Cheonan, em 26 de março, que matou 46 pessoas. Pyongyang nega a responsabilidade pelo incidente, apesar de uma investigação ter demonstrado o contrário.

Apesar de amplas sanções dos EUA contra Pyongyang por décadas, tal movimento poderia influenciar a Coreia do Norte, porque afetaria contas controladas por líderes militares e políticos, que as autoridades americanas acreditam que tenham autorizado o ataque.

Falando em condição de anonimato, as fontes disseram que focar nos fundos ilícitos da Coreia do Norte pareceu ser um dos poucos meios dos EUA chamarem a atenção da liderança do Estado comunista.

As fontes também disseram que há uma visão crescente dentro do governo Obama de que a decisão do ex-presidente George W. Bush, em 2005, de colocar na "lista negra" um banco de Macau por supostamente lavar dinheiro norte-coreano foi útil para pressionar Pyongyang.

Acrescentar um elemento tão coercivo para as relações diplomáticas entre EUA e Coreia do Norte poderia ajudar Washington a trazer Pyongyang de volta à mesa de negociações, e cumprir um acordo firmado em 2005 para abandonar seus programas nucleares, defendem as fontes.

Por outro lado, o tiro poderia sair pela culatra. A Coreia do Norte é notoriamente imprevisível e acredita-se que esteja no meio de uma transição político, com o objetivo de empossar o filho mais novo do líder Kim Jong-il como seu sucessor.

Os EUA agiram com cautela ao impor tais sanções, mas o afundamento do Cheonan mudou o cenário, disse um representante americano, em condição de anonimato.

"Estamos enfrentando um imperativo para demonstrar novamente à Coreia do Norte que não há recompensa por seu comportamento provocativo, que na verdade haverão penalidades", disse o representante.

"Temos toda a autoridade que precisamos para apertar o cerco a algumas pessoas e instituições que apoiam a liderança."

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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