Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Acompanhe a sãopaulo no Twitter
09/08/2010 - 10h27

Correspondentes estrangeiros em SP revelam sua percepção da cidade

Publicidade

ADRIANA KÜCHLER
COLUNISTA DA REVISTA sãopaulo

Seth Kugel, correspondente americano, está viajando de São Paulo a Nova York para escrever o blog "The Frugal Traveler", do "New York Times"

Por que São Paulo e não o Rio? Sempre que vinha ao Brasil, ia ao Rio, mas namorei uma paulista e passei por uma "sãopaulinização" ou "descarioquização". Mas não sugiro São Paulo pra um turista de primeira viagem. Recomendo Rio, Amazônia...

Patricia Stavis/Folhapress
Correspondente internacional Seth Kugel, que colabora com jornais, fotografado ao lado de seu prédio, em Santa Cecília
Correspondente internacional Seth Kugel, que colabora com jornais, fotografado ao lado de seu prédio, em Santa Cecília

Do que gosta em São Paulo? Sou fã do sistema de ônibus. Não é confortável, mas, na Consolação, passam 30, 40 linhas. Vou pra quase qualquer parte da cidade. Acho que sou a única pessoa que recebi minha confirmação de reserva no D.O.M. num ônibus lotado. Aqui, não tem idade pra sair e dá pra héteros irem a baladas gays, que são muito boas.

O que interessa ao leitor americano? Política local não interessa. Tem que ser algo que surpreenda. Fiz uma matéria sobre um bairro que está sobre um lixão. O fato de que você possa viver num lugar irregular não faz sentido pro americano.

Qual foi a pior situação pela qual você passou por aqui? Eu nado no Sesc. Um dia, deixei o armário aberto e roubaram jeans, toalha e chinelo. Tive que caminhar, só de camiseta, até a minha casa.

Andrew Downie, escocês, escreve para as revistas "Time" e "Monocle" e para o "Daily Telegraph"

Por que veio pra São Paulo depois de uma temporada no Rio? Nunca acreditei nessa coisa de carioca de que paulista é mané, certinho. São Paulo é mais cidade. O Rio é um resort. As pessoas andam de chinelo e bermuda. Quando cheguei aqui, tive que comprar roupas novas. Mas, se tivesse que enfrentar o trânsito, nunca teria vindo.

Patricia Stavis/Folhapress
Andrew Downie, escocês, escreve para "Time", "Monocle" e "Daily Telegraph" e está morando no bairro de Higienópolis
Andrew Downie, escocês, escreve para "Time", "Monocle" e "Daily Telegraph" e está morando no bairro de Higienópolis

Do que mais gosta por aqui? Gosto da cidade porque tem tribos. No Rio, é só a tribo da praia. Sou da noite e aqui sempre tem restaurantes e bares novos. Vou à Augusta e fico bêbado por R$ 20 [risos]. Engraçado é que os paulistas têm muito orgulho do parque Ibirapuera. Ele é bonito, mas é só isso, um parque bonito. Não é melhor do que os de outras cidades.

E do que não gosta? São Paulo é uma das cidades mais caras do mundo. Eu volto pra Grã-Bretanha pra comprar roupas. Por um jeans básico, lá eu pago R$ 30 e, aqui, R$ 120. Não tenho dinheiro pra comprar queijo aqui. Adoro, mas não como mais.

Paulo Prada, americano, correspondente do "Wall Street Journal"

De que lugares de São Paulo você mais gosta? Tenho uma filha pequena, então vamos ao parque da Água Branca, que tem galos e outros bichos. Gostei dos restaurantes Brasil a Gosto e Dalva e Dito, mas ainda estou procurando um bom boteco perto de casa.

Patricia Stavis/Folhapress
O correspondente internacional no Brasil para o "The Wall Street Journal", Paulo Prada, fotografado nos Jardins
O correspondente internacional no Brasil para o "The Wall Street Journal", Paulo Prada, fotografado nos Jardins

O que mais o impressiona por aqui? Todo mundo falava que eu devia morar na Vila Madalena, Jardins, Higienópolis. Mas o preço nesses bairros é um absurdo comparado com os dos Estados Unidos e da Europa. Fomos parar em Perdizes. Os salários em geral são baixos, e as coisas, caras. Não entendo como as pessoas funcionam... É, sobrevivem. Celular é muito caro. O meu é bom, mas minha mulher comprou um desses que parece um tijolo. Cereais também são caros, mas não deixo de comprar.

O que copiaria do Brasil? O sabão de coco. Contamina menos, limpa muito bem e não é caro. Talvez eu esteja destruindo minha futura fortuna te contando isso...

Eleonora Gosman, argentina, correspondente do jornal "Clarín"

Como foi sua adaptação a São Paulo? Eu voltava pra Argentina e dizia que o Brasil era a Tailândia, no sentido de "não entendo o país". Não entendia a sociedade, a comida, nada. Na época, há 15 anos, a Argentina tinha uma indústria de laticínios muito desenvolvida e aqui só achava dois tipos de iogurte. São Paulo era cinza, feia. Hoje, é linda.

Patricia Stavis/Folhapress
Eleonora Gosman, correspondente do jornal argentino "Clarín", também foi fotografada em Higienópolis, em SP
Eleonora Gosman, correspondente do jornal argentino "Clarín", também foi fotografada em Higienópolis, em SP

Linda? Sim, era feia, mas tem vários bairros mudando. A Lapa, a Vila Madalena, a região central...

O que acha de Higienópolis ser comparada à Recoleta? Sinceramente? Pra mim, é melhor. Aqui é um dos bairros mais lindos que conheço no mundo. Tem essa vegetação maravilhosa, tropical, somada a prédios fantásticos, com arquitetura lindíssima. E agora também tem muitos bons restaurantes. A única coisa que falta é o teatro Colón. Aqui, você também tem mais espaços verdes.

Mais verde? Sim. Porque em Buenos Aires as pessoas circulam num pedaço muito pequeno da cidade. Aqui, comparando a cidade toda, tem mais praças e espaços verdes.

Cozinhar, comer e contar

No evento Cozinhando com Palavras, da Bienal do Livro, restaurantes da cidade vão oferecer menus inspirados em grandes autores. Chefs que participam da ação contam aqui histórias de jantares que renderiam um bom conto:

"Uma vez, um cara me chamou pra fazer um jantar na casa dele. Era pra ele e pra uma mulher X, que não me contou quem era. Só disse que era muito especial. Eu perguntava: 'Cadê a fulana?' O tempo foi passando e me dei conta de que o jantar era pra mim! E eu mesma cozinhei. Levei um susto. Achei corajoso, mas não tinha reciprocidade. Podia ter dado certo, mas não rolou."
Bel Coelho, chef do Dui, que vai homenagear Cervantes

"Fiz um casamento e encomendei o bolo pra uma doceira. No dia, ela me avisou que não tinha feito o bolo. O casamento era às 20h e ficou pronto às 23h. Era pra ter três andares e acabou com um. Imagina eu contando isso pra noiva? A família toda ficou chocada."
Carla Pernambuco, chef do Carlota, que presta tributo a Gilberto Freyre

"Fiz um jantar pra uma confraria com muitos empresários conhecidos, em que cozinhei para um vinho Château Latour 1910. É uma bebida que passou por duas grandes guerras. Deve custar US$ 20 mil. E ainda provei o vinho!"
Renata Braune, do Chef Rouge, que cozinha inspirada no livro "A Festa de Babette"

"Foi o jantar do Dia dos Namorados que eu fiz pro Jefferson (seu marido, chef do Pomodori), às 2h. Fiz uma lagosta gigante, paleta de cordeiro assada... Tudo em abundância porque a gente nunca comemora esse dia. Ele não deu palpite. Isso porque, um dia, uma paella rendeu uma baldada de lixo na cabeça, já que cada um queria fazer de um jeito. Agora, cozinhar junto só se a gente combina antes."
Janaina Rueda, do Bar da Dona Onça, que vai lembrar Vinicius de Moraes

HORA DO PEIXE
Vai se chamar Madrepérola o novo restaurante de Walter Mancini, que está em fase final da obra e deve ser inaugurado até o fim de setembro. Estendendo seus domínios pela rua Avanhandava, Mancini agora foca o menu nos pescados e frutos do mar. O novo restô fica ao lado do bar Central 22, da mesma "famiglia", e uma passagem vai ligar os dois locais.

MICHAEL NO ANHEMBI
O cantor americano Ne-Yo promete repetir em seu show no Anhembi, na próxima sexta, a homenagem a Michael Jackson que fez recentemente em shows em Londres e na Austrália. Ne-Yo imita as dancinhas de MJ, só que ao som de seus próprios hits. Na lista de exigências do cantor para seus dias em São Paulo, estão itens como leite de amêndoas, salsicha e bacon vegetarianos, loção hidratante e sabonete líquido masculino.

OS PALÁCIOS DOS JARDINS
A Promenade Chandon, evento que reúne grifes badaladas e celebridades na região da rua Oscar Freire, no dia 22, vai ter apresentações ao ar livre do Ballet Stagium. A dança rola no meio da rua, onde o público vai se sentar em pufes. Com cenografia de Daniela Thomas, que "recria nas ruas dos Jardins um típico e charmoso passeio pelos palácios franceses", a edição deste ano irá fechar também uma quadra da rua Haddock Lobo, onde estão as lojas Dior, Louis Vuitton e Cartier.

QUERIDAS, CHEGUEI!
O MC Beans, do grupo americano Anti-Pop Consortium, mandou um recado para a produção do show que fará em São Paulo: "Quero conhecer mulheres atraentes quando estivermos aí. Espalhe a notícia, por favor". O Anti-Pop toca no festival SubRapCombo, no dia 28, no Sesc Pompeia.

(Colaborou Ana Paula Boni)

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página