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Nova onda de assaltos e sequestros na USP ameaça estudantes
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BRUNO RIBEIRO
DE SÃO PAULO
À noite, as árvores robustas plantadas no estacionamento impedem a passagem da luz dos postes. Para piorar, há lâmpadas queimadas, o que torna o lugar ainda mais sombrio. Por lá, alunos e professores preferem andar em grupos.
Foi esse o cenário que a sãopaulo encontrou no estacionamento do prédio da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, na universidade mais importante do Brasil, a USP, na zona oeste da capital paulista, na noite da última terça-feira (5).
Rodrigo Paiva/RPCI/Folhapress |
Estudante em estacionamento da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP; local teve dois assaltos |
O clima de medo é resultado de uma nova onda de violência no campus. No último mês, três estudantes foram rendidos por bandidos armados e obrigados a circular com os criminosos no carro.
"Eu estava sozinho, quando apareceram três garotos mais novos do que eu e armados", conta Eric, 22, estudante de farmácia, que pediu para não ter o sobrenome publicado. Os assaltantes levaram o celular e arrancaram a mochila de Eric.
Os sequestros-relâmpagos são o ápice de uma série de crimes. A preocupação é tamanha que os alunos do Centro Acadêmico de Farmácia passaram a mapear os delitos, desde o ano passado. A equação é mais complicada do que se imagina.
Enquanto eles apontam sete crimes, a PM diz ter registrados apenas três roubos na USP, neste ano, contra quatro da contabilidade da universidade.
"Vamos à reitoria cobrar providências", diz a presidente do centro, Thaiane Ferreira da Silva, 21. O dossiê dos alunos inclui também os lugares onde eles mais têm medo de andar: os três pontos de estacionamento da avenida Professor Lineu Prestes (onde aconteceram os assaltos), a rua do Matão e os acessos da portaria 3 e a estação de trem da CPTM.
A reitoria promete fazer uma reunião para discutir a violência. E diz que estuda melhorar o sistema de iluminação do campus.
Outra vítima de sequestro-relâmpago, uma estudante de 21 anos de farmácia, diz que ficou refém de dois rapazes por 40 minutos. O crime aconteceu há duas semanas. Após ser rendida na avenida Professor Lineu Prestes, ela foi forçada a ficar no banco de trás do carro com um dos garotos, que lhe apontava um revólver. Ela disse que o motorista devia ter no máximo 15 anos.
"Ele dirigia feito louco. Não parava nas lombadas e quase bateu várias vezes." A estudante conta que cruzou com a Guarda Universitária e que, mesmo em alta velocidade, não foi abordada. Depois de entregar cartões e senhas para os ladrões, a menina foi deixada na avenida Escola Politécnica, fora do campus.
AVERSÃO À PM
Segundo o coronel reformado da PM José Vicente, consultor da área de segurança, qualquer faculdade tem problemas com furto de veículos. A diferença da USP, de acordo com os alunos, é a ausência de rondas da PM.
Segmentos da instituição reconhecem haver um histórico de aversão à corporação, devido a confrontos ocorridos durante greves estudantis em 2007 e em 2009. Parte dos alunos diz acreditar, inclusive, que a PM é proibida de entrar no campus.
Por outro lado, a USP tem também um histórico de ondas de violência. Em 2002, por exemplo, sete estudantes foram estupradas.
"Fizemos um levantamento, e a avenida Professor Lineu Prestes era a segunda via com mais furtos em toda a região", diz o coronel. No ano passado, a reitoria chegou a anunciar que pediria ajuda à PM para combater os furtos. Foram 88 casos em 2010. "É uma estupidez vedar a ação da polícia", diz José Vicente.
A PM, no entanto, diz que entra na USP, sim. "Há um policiamento territorial", afirma uma nota do 16º batalhão, responsável pela região.
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