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24/05/2011 - 14h13

Saiba que fim dar ao seu sofá velho

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ANDRÉ LOBATO
DE SÃO PAULO

"O que você quer saber? Se alguém deu à luz, fez amor ou morreu em cima do sofá?", pergunta a camareira Rosângela Rodrigues, 38, enquanto debate com as colegas, na recepção de um flat nos Jardins, quais histórias e segredos foram embora com o móvel rumo ao aterro sanitário.

Logo ali na rua, o caminhão levava mais um dos 10 mil sofás recolhidos por ano pela operação Cata-Bagulho da Prefeitura de São Paulo. Bege, com os pés cobertos por babados, o sofá de três lugares dos Jardins se despedia entre tacos de madeira e outros entulhos. "O apartamento foi todo reformado", explica Rosângela.

Fotos Shutterstock
Está difícil se desfazer do seu velho sofá? Saiba que fimdar a ele 1

Se ele faz ou não parte de uma história de amor, as camareiras não sabem dizer. Mas que está difícil se desfazer desse tipo de móvel, está. Isso porque as casas de filantropia que retiram itens domésticos para vendê-los em bazares beneficentes estão dizendo não ao sofá.

"É o 'efeito Casas Bahia': quem comprava sofá usado agora compra novo", diz Tiago Mendes, do Exército de Salvação, que recusa mais de 30 por dia. Ele explica que cama, mesa e eletrodomésticos são mais bem- vindos, pois são vendidos rápido. Já o trambolho, não. "Custa caro e ocupa muito espaço no bazar."

Se na maioria dos casos não há salvação, as entidades afirmam que, quando está em perfeito estado, há sempre um negócio a ser feito.

Ivanildo de Magalhães, 29, conseguiu que o seu encosto de três lugares desaparecesse de casa pelas mãos do Exército de Salvação. Para ele, foi fácil. Sua cunhada agendou a visita, e o móvel foi recolhido. "Estava em boas condições. O cachorro nunca sentava sobre ele."

Reformar e vender pode ser uma boa opção. Marcos Aurélio Bassanezi recolhe materiais deixados na rua e os transforma em pufes. Certo dia, achou um sofá e o reformou. "Novo custaria R$ 4.000, mas gastei só R$ 400 para dar um jeito nele", calcula.

Atriz, Ediana Souza sabe que seu conjunto de três lugares com poltrona e pufe vai sair de cena, mas ainda não resolveu como. "Ele é muito coroa, está maltratado", afirma a jovem de 23 anos. "Já foi parceiro de muitos encontros, está comigo desde que cheguei a São Paulo [há cinco anos]." Um dos grandes problemas, sabe Ediana, é o desconforto de carregar toda a parafernália até a portaria.

Para isso, não adianta ligar para o Cata-Bagulho, que só busca na calçada no dia certo. "Você acha que o pessoal [dos Jardins] desce para pegar o sofá? Desce não!", explica Josefa dos Santos, 50, colega de Rosângela. "É o menino da manutenção que leva", diz.

As duas se gabam de que no Jardim Ramalho (zona leste), onde moram, o negócio é bem mais fácil. Basta colocar na calçada e uma "pessoa mais necessitada pega".

Quem não tem o rapaz da manutenção nem vê necessitados por perto pode pagar um carroceiro para carregar o móvel. Mas deve se garantir de que ele o levará ao local certo, já que muitos simplesmente despacham o sofá na praça ou esquina mais próxima.

 

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