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07/08/2011 - 10h57

Kid Vinil traça paralelo entre Nietzsche e o punk

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CLARA MASSOTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entediado. É assim que ficaria Friedrich Nietzsche, se vivo hoje, diante da falta de atitude contestatória do rock atual, na opinião de Kid Vinil. "Ele sempre foi contra essa coisa do rebanho, e acho que hoje o rock está muito acomodado", dispara.

A associação entre o filósofo alemão e o punk vai ser discutida pelo roqueiro e pela escritora Márcia Tiburi na próxima terça (9), em "Filosofia do Rock", evento promovido pelo CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil).

Em entrevista à sãopaulo, Kid dá uma prévia do bate-papo e prova que o pai do niilismo e o punk, vertente mais anarquista do rock, têm muito em comum.

Eduardo Anizelli/Folhapress
O roqueiro Kid Vinil participa, na terça (9), de bate-papo com a escritora Márcia Tiburi sobre a cultura punk e o filósofo
O roqueiro Kid Vinil participa, na terça (9), de bate-papo com a escritora Márcia Tiburi sobre a cultura punk e o filósofo

Folha - Como é a relação entre Nietzsche e o punk?
Kid Vinil - Na verdade, não só o punk como muita gente da música se inspirou nele. O Jim Morrison, Raul Seixas, Bob Dylan e até Caetano Veloso têm um viés nietzschiano. Mas o punk abraçava mesmo as ideias do cara. Por exemplo, em uma de suas fases, Nietzsche negava completamente o cristianismo e as religiões, e os primeiros versos de uma música do Sex Pistols, "Anarchy in the U.K.", dizem claramente: "Eu sou um anticristo". E tinha a coisa da anarquia, ele não era anarquista, mas era um revolucionário.

Isso se deve ao fato de ele ser contra o comportamento do rebanho?
Isso mesmo, ele era completamente avesso a essa coisa de as pessoas aceitarem as imposições sociais. O lema do punk é "do it yourself" (faça você mesmo). Isso é Nietzsche pra caramba. Ele falava no conceito do "além-homem", que não é um super-homem, mas um cara que não vai em nenhuma onda, ele escolhe o tipo de vida que quer levar e não aceita as imposições da sociedade. Esse é o legado dele para o século 20.

Mas o movimento punk também acabou se tornando uma onda...
É, como todo movimento, ele acabou sendo engolido pela indústria cultural, mas a origem é anárquica. Todo movimento acaba absorvido pela mídia, por mais "underground" que se considere. O que a gente vai discutir na próxima terça (9) é justamente essa essência do punk, característica do princípio do movimento. Eles foram pioneiros, até hoje suas letras assustam as pessoas. Eu costumo discotecar em festas e, quando coloco Sex Pistols para tocar, muita gente ainda acha a música muito agressiva.

Você acha que Nietzsche iria gostar?
Sim. Eu me lembro de ler que ele se identificava mais com Dionísio, o deus da zona, da perturbação, do que com Apolo, o deus da ordem, do tudo certinho. Acho que ele iria aprovar o punk partindo deste princípio.

E do rock hoje, o que ele pensaria?
Acho que, no geral, é preciso dar uma chacoalhada nas pessoas hoje. Sou de 1955, então passei por vários ciclos, e vejo que nos anos 1960, 1970, o rock era muito mais contestatório. Parece que houve um retrocesso hoje. Veja como as pessoas são acomodadas. Eu acho que ele não iria gostar, ele é contra essa coisa do rebanho. A juventude hoje aceita tudo que lhes é enfiado goela abaixo, não contestam. Ele iria ser um contestador.

Filosofia do Rock - AASP - Associação dos Advogados de São Paulo - auditório 4º andar - r. Álvares Penteado, 151, centro, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3113-3651. 300 lugares. Ter. (9): 19h30 às 21h30. Não recomendado para menores de 10 anos. É necessário retirar ingr. c/ uma hora de antecedência. Grátis.

 

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