Ibama acusa Petrobras de subnotificar despejo de óleo no mar

Plataforma no Rio estaria despejando volume de óleo 67 vezes acima do autorizado 

Plataforma da Petrobras, na bacia de Campos, no Rio
Plataforma P-51 da Petrobras, na bacia de Campos, no Rio - Bloomberg
Lucas Vettorazzo
Rio de Janeiro

O Ibama produziu parecer em que acusa a Petrobras de subnotificar o despejo de óleo e graxa no mar resultante da exploração de petróleo na Bacia de Campos, região petrolífera do norte do Estado do Rio.

A petroleira é acusada de usar método para medição de despejo de óleo que omite parte do chamado "óleo de produção" no oceano.

Plataforma de petróleo da Petrobras, no mar na bacia de Campos no Rio de Janeiro
Plataforma P-51 da Petrobras, na bacia de Campos, no Rio - Bloomberg

Quando uma petroleira retira óleo e gás do leito marinho, o produto que emerge é uma mistura de óleo e água. Essa água passa por processo de tratamento e depois é devolvida ao mar.

É comum que essa água seja despejada com quantidades pequenas de óleo e graxa. Há uma margem de tolerância do Ibama para isso.

Segundo revelou nesta segunda o jornal "O Globo", a plataforma P-51 estaria despejando volume até 67 vezes acima do autorizado pelo órgão ambiental. Além da plataforma, outras 30 da empresa estariam em desacordo com as normas.

O despejo de água com valores superiores de óleo estaria provocando manchas no mar, afetando a vida marinha na região.

A Petrobras é acusada de usar um método de cálculo que reduz no papel a quantidade de óleo despejada. Em 2015, o Ibama teria modificado a forma de avaliar esse despejo. Há cerca de seis meses Petrobras e Ibama deram início a um acordo para que a estatal se adaptasse aos critérios exigidos. O Ministério Público Federal deu início a um inquérito civil para apurar a questão.

Ao menos cinco multas chegaram a ser lavradas contra a petroleira devido ao despejo de água com óleo acima do percentual permitido. A maior seria de R$ 14,2 milhões, da qual a empresa não chegou a recorrer.

A Petrobras afirma que todas as suas plataformas de petróleo em atividade passaram pelo processo de licenciamento ambiental e que o modelo de cálculo de óleo na água despejada é o mesmo desde 1986.

"A visão do Ibama sobre o processo mudou mais recentemente e, com isso, estabeleceu-se um diálogo para a transição, com a companhia já tendo chegado a um entendimento com o órgão regulador ambiental", afirma a empresa em nota.

Em nota divulgada em sua página, a Petrobras reconhece que a petroleira está buscando mudança no método de cálculo e despejo da água contaminada com óleo.

"Vamos evoluir, reforçando o nosso compromisso e respeito ao meio ambiente", afirma, na nota, a diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes.

A estatal, no entanto, refuta a acusação de manipulação de seus dados. De acordo com a empresa, a Petrobras envia regularmente ao Ibama dados "fidedignos e verdadeiros" e que o modelo atualmente utilizado pela empresa "atende à legislação aplicável e que todas as plataformas de produção da empresa estão devidamente licenciadas pelo órgão ambiental".

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