Adolescente provoca greves pelo mundo às sextas-feiras pelo clima

A estudante sueca Greta Thunberg, 16, começou movimento em 2018

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Amélie Bottollier-Depois
Paris | AFP

Com o lema "greve pelo clima", a adolescente sueca Greta Thunberg fez com que milhares de jovens em todo o mundo saíssem às ruas em um movimento que tem crescido apesar das críticas.

Greta Thunberg, de 16 anos, iniciou sua ação sozinha em 2018, instalando-se a cada sexta-feira em frente ao Parlamento em Estocolmo para pedir aos deputados que atuem contra a mudança climática.

Meses depois, de Sydney a Bruxelas, de Berlim a Haia, milhares de jovens aderiram à iniciativa da greve semanal em favor do clima, desfilando nas ruas com cartazes.

Com frases como "nossa casa está queimando" ou "quero que comecem a entrar em pânico", a carismática jovem sueca, que viajará para Bruxelas na quinta (21) e Paris na sexta-feira (22), "tocou os corações das pessoas, porque possui muita integridade", diz Karen O'Brien, socióloga da Universidade de Oslo, especializada em questões relacionadas à mudança climática. 

Uma certa "inação" global fez a iniciativa de Greta Thunberg ser ouvida, segundo ela.

O movimento jovem, porém, incomoda os adultos, afirma Wagnon Sylvain, especialista em história da educação na Universidade de Montpellier. "Há uma tendência a dizer: vão para casa, vocês são apenas crianças", acrescenta ele, aludindo a algumas reações paternalistas.

Será preciso esperar para ver a magnitude da greve prevista para 15 de março e observar como os países agirão, diz Sylvain.

Na Alemanha, onde as manifestações reúnem mais de 15 mil estudantes a cada semana em dezenas de cidades, muitos criticam o fato de os protestos ocorrerem durante o horário escolar. 

Na primeira grande mobilização no Reino Unido na semana passada, os serviços da primeira-ministra britânica, Theresa May, lamentaram que os jovens perdessem "horas de aula". Greta Thunberg respondeu: "os políticos, por sua inação, perderam 30 anos, é um pouco pior", disse no Twitter. "Por que deveríamos estudar para um futuro que em breve não existirá se ninguém fizer nada para salvá-lo?", disse em um vídeo em que faz um chamado para que mais pessoas se unam ao seu movimento "Fridays for future" ("Sextas-feira para o futuro").

"Continuaremos fazendo greve até que nossas vozes sejam ouvidas e tenham efeito", disse Holly Gilligrand, de 13 anos, um dos rostos do movimento na Escócia.

Apesar das críticas, essa iniciativa também tem recebido importantes apoios, especialmente do mundo científico e climático.

Para alguns ativistas ambientais, essa é uma nova possibilidade de exercer uma pressão mais forte contra os governos, cujos compromissos são insuficientes para respeitar os objetivos do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 2°C em comparação com a era pré-industrial. 

"Mas essa esperança depende da capacidade de todos seguirem o caminho aberto por esses jovens", diz Bill McKibben, co-fundador da ONG 350.org, uma das organizações mais ativas em campanhas para deter as emissões de gases do efeito estufa.

"Não basta olhá-los com admiração, porque esses jovens não têm o poder de fazer mudanças, cabe a nós apoiá-los e rapidamente".

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